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    Quando o time reserva vira o titular na moda
    Chanel, Resort 2017, desfilado em Havana, em maio passado ©Agência Fotosite
    Quando o time reserva vira o titular na moda
    POR Redação
    Chanel, Resort 2017, desfilado em Havana, em maio passado ©Agência Fotosite

    Chanel, Resort 2017, desfilado em Havana, em maio passado ©Agência Fotosite

    O último desfile tipo superprodução que fechou a temporada de apresentações de Cruise e Resort collections ao redor do mundo também encerrou o ciclo de um raciocínio sobre uma bola que já vem quicando há algum tempo. É impressão, ou as pré-coleções ganharam definitivamente mais importância, inclusive midiática, do que os desfiles oficiais de verão e inverno das grandes marcas? Ao olhar a coleção da Gucci desfilada no início do mês na Abadia de Westminster, em Londres, minha sensação era a de que estava vendo não uma apresentação secundária para a grife, mas um grande evento com looks tão ou mais elaborados do que o Inverno 2017 apresentado em fevereiro na semana de moda de Milão. E não se trata apenas de uma impressão: é uma questão numérica e, consequentemente, de mais exposição. A Cruise 2017 da Gucci mostrou mais looks femininos na passarela do que o Inverno 2016/17 da marca. Mesmo tirando as entradas masculinas ainda sobram 74 femininas da Cruise contra 65 do Inverno (tirando as 5 masculinas). E 22 masculinas na Cruise contra apenas 5 na coleção principal.

    Segunda grife de luxo mais valiosa do mundo, segundo a Forbes, a maison comandada por Alessandro Michele entrou nesta dança dos desfiles de pré-coleções em locações cinematográficas em países variados há pouquíssimo tempo: essa foi sua segunda apresentação do gênero. Originalmente, as coleções entre temporadas tinham uma importância menor em relação às principais. Até alguns anos atrás, essas linhas intermediárias iam direto para a loja, sem a pompa da passarela. Mas esse comportamento tem mudado, incentivado pelas boas vendas das coleções Pre-Fall e Resort (ou Cruise), que, numa matemática de mercado (levando em conta as liquidações), acabam ficando o dobro do tempo à disposição do cliente. Resultado: as vendas das pré-coleções representam, em média, 70% do faturamento dessas grifes de high fashion, podendo variar um pouco para baixo, batendo nos 60% ou alcançando impressionantes 90% (segundo divulgado em artigos do britânico The Independent).

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    Não é novidade que estamos vivendo um período de crise no atual e já velho sistema de moda e que caminhamos para uma ruptura, seguida de um novo formato que ninguém sabe dizer exatamente qual é. Já se percebeu que, em tempos de redes sociais e internet, mostrar uma coleção para compradores e imprensa seis meses antes dela aparecer nas lojas não é bom negócio, uma vez que não só o mercado, mas os clientes finais têm acesso a fotos, vídeos e detalhes dessa novidade que imediatamente torna o que está sendo vendido naquela temporada obsoleto. O sucesso das pré-coleções é um bom exemplo de como esse calendário de semanas de moda pode estar mais atrapalhando do que ajudando. As roupas das linhas intermediárias chegam antes às lojas, e portanto, vendem mais.

    Ao mesmo tempo, um calendário que inclua não só duas temporadas de desfiles por ano mas várias apresentações picadas ao longo de vários meses parece confuso, não? As estações, como o diretor do SPFW Paulo Borges já disse (e eliminou da nomenclatura da fashion week brasileira), já não importam muito. Para os profissionais da área, pode parecer interessante sair por aí viajando o mundo para ver desfiles e cidades incríveis, caso do show do Resort 2017 da Louis Vuitton, a primeira no ranking da Forbes das marcas de luxo mais importantes do planeta, que encantou fashionistas com o Rio de Janeiro e o museu de Niterói projetado por Niemeyer, palco da apresentação. Já a Chanel, a pioneira nos desfiles intermediários ao redor do planeta com suas coleções Metier d’Art, levou todo mundo para Cuba. A médio prazo, porém, vira uma perda de tempo, de horas de aeroporto, transporte, almoços de relacionamento. E o resto da vida e dos assuntos relacionados à moda, como é que fica com tantas viagens?

    Para as marcas, os desfiles das pré-coleções ainda representam um momento para passar a mensagem de lifestyle do momento com mais calma – afinal, as viagens são uma experiência, não apenas 15 minutos numa primeira fila – com ausência da concorrência de outros shows, como nas semanas de moda. Ainda assim, conseguem ter pontos em comuns e até apontar tendências que complementam ou atropelam tanto as atuais como as que já lançaram na temporada oficial. Nessa “estação” de coleções “entre estações”, por exemplo, um perfume retrô está no ar, visto tanto em prints de flores na Dior, Louis Vuitton e Gucci como nos anos 70 interpretados de diferentes maneiras, um futurismo com toque retrô no caso de Ghesquière, um vintage com frescor no caso de Alessandro Michele e Lagerfeld.

    O próximo passo da transformação do calendário e do comportamento de moda, qual será? As pré-coleções ameaçam engolir as semanas de moda ou, no mínimo, acelerar ainda mais a velocidade com que vestidos, saias e desejos de consumo estão sendo fabricados. Nem todas as marcas e estilistas estão prontos ou dispostos a isso. E será que nós, mesmo os mais apaixonados por moda, “queremos querer” tantas roupas assim?

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