O “caos” está em nós ou no Facebook? ©Reprodução
Há algum tempo, internautas comuns, blogueiros, analistas de mídias e outros tipos de usuários começaram a perceber algumas mudanças na rede social mais popular da atualidade, o Facebook. Se não perceberam, com certeza leram a respeito em sites como o YouPix ou o da revista “Info“. Páginas sendo deletadas, números de fãs diminuindo drasticamente, formatos de publicidade surgindo e sumindo a cada momento, entre outras mudanças. Isso significa que o Facebook mudou completamente do dia para a noite? Não. Isso significa que não sabemos como usar a internet e as mídias sociais? Triste, mas sim.
O fato é que o Facebook, para não dizer toda a internet ou mesmo tudo que envolve tecnologia no Brasil, tem sido tratado levianamente, como se fosse uma terra de ninguém, uma mina de ouro em um continente recém-colonizado. E realmente é – ou era. Agimos, trabalhamos e garimpamos como se as redes fossem livres de normas próprias. Afinal, a tentativa e erro estava funcionando muito bem até agora. No entanto, a regra é clara e a pena é dura; ela somente não estava sendo aplicada à risca como nos Estados Unidos e na Europa, onde a fiscalização é muito mais ampla e constante. Usuários e donos de páginas, conheçam os “termos de uso” das páginas do Facebook: http://www.facebook.com/page_guidelines.php
Vocês sabiam, por exemplo, que é proibido “fazer com que o usuário se registre ou entre em uma promoção ao curtir uma publicação no mural ou ao comentar ou enviar uma foto em um mural”? Sim, a maioria esmagadora das promoções está fazendo com que suas páginas andem na corda bamba ao sortear produtos entre aqueles que compartilharam alguma coisa. O preço que estas páginas estão correndo o risco de pagar aparece na última linha dos termos: “Reservamo-nos o direito de rejeitar ou remover páginas por qualquer motivo. Estes termos estão sujeitos a alteração a qualquer momento”. Tá, mas e daí? O grande drama está nos mil – e até milhões – investidos em salários de redatores, publicitários, planners, analistas de mídias, designers, diretores de arte, atendentes e jornalistas, sem contar o dinheiro usado diretamente em publicidade para angariar seus fãs.
Tudo isso trata apenas da legislação interna do Facebook. Em alguns casos o buraco é mais embaixo, como o uso irregular de fakes. Há projetos de lei que pretendem enquadrar certos usos de perfis falsos como crimes de Falsidade Ideológica. O preço a ser pago por isso não é apenas ter o perfil deletado, mas sim uma multa e um a cinco anos de prisão.
Meu deus, e agora?
Em maio de 2012, o Facebook entra para o mercado das bolsas de valores ©Reprodução
Dramatismos à parte, não existem forças malignas ou grandes conspirações nazistas contra a liberdade e tudo o que há de bom. As regras do Facebook não são arbitrárias, mas sim pensadas somente para dois fins: a otimização da experiência do usuário e o enriquecimento do Sr. Zuckerberg e seus amigos acionistas. Felizmente para eles, estes dois itens estão correlacionados, já que um usuário feliz continua na rede e atrai mais amigos para a mesma, o que faz com que tal rede seja atrativa o suficiente para que marcas coloquem publicidades nela, o que, por sua vez, diminui a felicidade do usuário – afinal, quem gosta de propagandas? A verdadeira chave do sucesso está em encontrar essa proporção áurea entre volume/invasão de publicidades e o nível de serotonina dos usuários. Para controlar um pouco melhor isso, a “terra de ninguém” agora possui polícia, governo e leis. Talvez leis não tão flexíveis quanto gostaríamos para nossos objetivos, mas claras o suficiente para serem compreendidas e seguidas. No final das contas, trata-se de um jogo que todos concordamos jogar. O Facebook apenas colocou alguns juízes a mais no campo.