“O fato de eu ter sido convidado dentre tantas marcas hype e designers jovens foi especial. Fez eu perceber que ainda há um lugar guardado para mim”, disse em uma das entrevistas pós-desfile o designer colombiano Haider Ackermann – que recentemente se tornou conhecido de uma nova geração como “estilista do Timothée Chalamet” – convidado por Jean Paul Gaultier nessa temporada.
Nome proeminente da virada dos anos 1990 para 2000, Haider teve sempre uma queda pela cor e pelos drapeados/plissados, onipresentes em suas coleções. Assim como a alfaiataria feita em materiais luxuosos e encorpados. Logo sua coleção para JPG não podia ser diferente. Nota-se uma fluidez maior, uma ironia, um quê de performance bem Gaultier, que fazem suas peças parecerem menos rígidas.
Porém é indescritivelmente lindo o trabalho artesanal que cada um dos 36 looks levou. Dos que ganharam penas aos que tinham um único recurso: a forma. Os vestidos lindos, envolventes, redesenham e celebram o corpo. O apreço pela roupa é sentido na ausência de trilha, nos movimentos das modelos (Mariacarla Boscono que o diga). Chocantes são as peças que pareciam ter ganhado brilhos quando, na verdade, eram texturas conquistadas pela aplicação manual de milhares de agulhas.
“Meu único desejo é que ele [Jean Paul] tenha ficado orgulhoso”, e isso ficou nítido especialmente na entrada final em que Haider puxa Gaultier sentado na primeira fila e correm abraçados até alcançarem as modelos. Cenas que só a semana de alta costura para conquistar. Se o intuito é sonhar, aqui foi conquistado com maestria.