Ludovic de Saint Sernin foi o convidado desta temporada de Jean Paul Gaultier, assim que o primeiro look entra na passarela, você entende como Gaultier está presente no trabalho de Ludovic. Afinal JPG foi esse sopro de liberdade, sexualidade e transgressão há décadas, colocando em sua passarela os mais variados perfis de igual pra igual.
A apresentação tem acento náutico, mas nada de âncoras ou marinheiros suados, Ludovic prefere as criaturas mitológicas, etéreas e lânguidas do fundo do mar. É um conto erótico com quê de mito, suas deusas subáquaticas emergem em vestidos que evidenciam a silhueta, outras que revelam o limite do que pode ser revelado. Os longos são todos sereia… claro.
Tem uma coisa meio Tisci? Até tem, mas devemos lembrar que no seu caldeirão há ainda Demeulemeester (para quem desenhou uma única coleção), um tempero de McQueen e muito de Versace nos anos 2000. Mas é muito Ludovic e inegavelmente JPG – que sempre assiste sorridente e animado como seu trabalho é reinterpretado, o que mostra sua generosidade e abertura ao novo.
O vestido final, meio cisne, meio noiva é, realmente, uma das belas imagens que ficam dessa semana de alta-costura.