O desfile do Inverno 22/23 da Louis Vuitton já entra para a história da moda por marcar a última coleção assinada por Virgil Abloh, criada antes de sua morte, em novembro de 2021. O designer, que era conhecido por ter muitas coleções na cabeça ao mesmo, tempo havia deixado esta coleção pronta desde o ano passado, somente para ser finalizada por seu time de designers.
Em um verdadeiro show, o cenário surrealista, chamado de “Louis Dreamhouse”, a casa dos sonhos de Louis: sonho este, que aqui aparece como algo muito mais etéreo do que ambicioso, e remonta uma casa partida ao meio, metade dela com o chão e as camas e a outra, como se estivesse submersa, apenas com o telhado e suas escadas à vista. As linhas entre os modelos e os performers se confunde, à medida que os dançarinos, que coreografavam ao som da orquestra em meio ao desfile também vestiam as peças da coleção em uma apresentação emocionante.
A coleção relembra alguns dos mais icônicos designs e ideias de Abloh, bem como o que veio a se tornar suas assinaturas na LV: os chapéus e gorros que assemelham a orelhas de animais, a alfaiataria e estampas florais e coloridas, o luxo subversivo e ternos com inserção utilitárias e cintos-bolsas com fivelas marcantes. Nos ternos e casacos, a cintura marcada e silhueta escultural que vimos na Prada também marcam presença. As saias combinadas com jaquetas varsity e suéteres, silhueta bastante comum de Virgil na Off-White também aparecem aqui, em tule. Nos acessórios ele continuou o jogo com materiais e formas inusitadas que trazem um novo look para clássicos da marcas ao propor uma maleta curva e surrealista e uma nova versão da bolsa Keepall no xadrez vazado deixando o interior se revelar.
Ao final do show, uma seleção de looks brancos descendem a passarela, com asas angelicais de renda e iterações do que seria um vestido de casamento masculino nas mãos de Abloh. Mesmo as angelicais asas recebem uma ponta de ousadia e agressividade, pontudas e imponentes. Se na última coleção, ao som de “Tudo O Que Você Podia Ser”, o tom era de despedida, no desfile de Inverno 23 da LV, o tom é de celebração, ao legado e à trajetória de Virgil Abloh que certamente já deixou marcas na história da maior marca de luxo do planeta.
