Ao chegar no Auditório Simón Bolívar e avistar diferentes pessoas circulando com peças de jacquard de motivo floral e outras com jaquetas e casacos com estampa animalier, logo percebemos estar em um desfile de Reinaldo Lourenço – suas admiradoras, clientes e amigas são fiéis.
Tamanha fidelidade garantiu ao estilista algo quase impossível na indústria nacional: uma carreira de quatro décadas. Desde o ano passado, Reinaldo escolheu desfilar uma vez ao ano para exibir a linha que batizou de “Couture” e, como o nome sugere, são peças que prezam pela técnica, escolha de materiais e, principalmente, qualidade.
No release, outra pista que entrega seu modus operandi: “Que tudo se transforme para melhor e dure cada vez mais”. Mais do que fazer roupas, Reinaldo ama moda e a homenageia para além do ofício, revelou se inspirar desta vez em Charles James e Dener. Mas há também uma forte presença também de Saint Laurent – como no longo transparente com plumas nos quadris – e elementos de uma de suas décadas preferidas, os anos 1960.
O primeiro bloco bem bodycon e animalier é exuberante, para atrair olhares. O trench coat, que como comentamos é a peça-chave da vez, parece esculpido de tão perfeito – o estampado desfilado por Carol Ribeiro levou 30 dias para ser bordado com milhares de vidrinhos. Os filetes de seda milimetricamente alinhados entregam esse esmero tão característico do seu trabalho. Os decotes arredondados flutuantes são outros belos exemplos da maestria. Ao final, aplausos de pé, movimento puxado por Costanza Pascolato e largos sorrisos especialmente entre aquelas que o chamam carinhosamente de Rei.