A À La Garçonne, de Fábio Souza, parte do streetwear autoral e do upcycling — marcas registradas da grife — para adicionar à sua coleção uma alfaiataria ao mesmo tempo rica em rigor técnico e identidade urbana transgressora. Os blazers femininos surgem com cintura marcada e quadris acentuados e me fizeram pensar numa espécie de new look industrial contemporâneo. Uma referência retrô marota desconstruída numa imagem moderna e desejável, que pode ser interpretada ao gosto do repertório e imaginação do freguês. Há ombros amplos, decotes estruturados e formas ajustadas em lugares estratégicos. Os costumes (blazer + calça de alfaiataria) merecem (muito destaque), seja com as calças mais amplas no xadrez de desenho grande, em azul ou vermelho, seja com a calça mais seca e o blazer estruturado, quadril arredondado e lapela maior em um tom de fendi.
No masculino, o oversized também aparece em calças amplas com pregas e acabamentos que pontuam o volume. A alfaiataria surge em diferentes frentes — do costume verde-musgo com capa de pelúcia, aos costumes já citados, passando por detalhes nas peças de jeans e também nos looks de pegada loungewear, com camisa e calça xadrez que remetem ao pijama, com construção e caimento de alfaiate. Um resultado cool, urbano, muito desejável e que consegue essa difícil comunhão do provocador com o elegante, sem aquela certa arrogância que o “sofisticado” às vezes carrega, e que a alma streetwear da marca trata de apagar. Bravo!