Leandro Castro estreia na SPFW com uma característica muito interessante: a união da moda com consciência ambiental a um design superconceitual, num exercício de repetição de certas formas e “problemas” que ele intencionalmente faz e refaz a cada coleção. “Tem a ver com uma espécie de resistência à exigência constante de novidade da moda?”, pergunto, no backstage, ao estilista. “Sim. É uma contrarresposta a isso”, ele responde.
Vindo da Casa de Criadores, o estilista – que tem mestrado em Engenharia de Gestão e Inovação – brinca então com a tríade formada pela alfaiataria, a sustentabilidade e experimentalismo num jogo que parte do controle típico da alfaiataria (tecido plano, ombros, lapelas, formalidade, trabalho, estrutura) versus o descontrole de fiapos e texturas artesanais, volumes maximizados, além de babados e ondulações que saem dos tecidos, todos vindos de resíduos têxteis ou certificados. Num dado momento, o descontrole toma também a alfaiataria, com supervolumes e texturas de tramas naturais. Uma de suas inspirações são linhas – seja de mãos, de fios elétricos – e a pintura abstrata do artista russo Wassily Kandinsky.
O resultado traz um novo jeito de olhar a moda com consciência ambiental e preocupação com a sustentabilidade, que traz roupas urbanas, superconceituais por um lado, mas também uma alfaiataria desejável e superusável. Exemplos? Temos a ótima bermuda de alfaiataria preta solta no corpo, a calça risca-de-giz curta; camisas e mais camisas, longas com babados pendurados, sem manga e mais curta ou com laços amarrados no pescoço. E ainda casacos leves ou de lã mais estruturada e um paletó branco mais estruturado, marcante, com fiapos (as linhas…).