Desde que os rumores do retorno da Piet às passarelas começaram, uma única coisa era sabida: não seria uma apresentação qualquer, mas sim algo grandioso. E assim foi. Na noite de ontem (11.04), Pedro Andrade reuniu quase 3 mil pessoas na recém renovada Arena Pacaembu para encerrar o SPFW, em versão apoteótica.
Em tempos de obsessão pelo old money e pela estética clean girl, o street wear já não ocupa o pódio de assunto favorito da moda, mas Pedro mostrou que ocupa sim e, mais, que o streetwear não é tendência mas essência. O tema central dessa coleção foi o futebol, tópico que por si só poderia cair num lugar óbvio, porém é aí que a graça começa.
A partir do esporte mais popular do planeta e do fanatismo que o permeia, o estilista foi amplificando a temática, estava ali: o atleta-ícone referenciado, o garoto que joga por hobby, o juíz, o técnico, o torcedor fanático… tudo isso de uma forma zero literal, o que deixa ainda mais interessante. É preciso pontuar que esse diferencial se deve essencialmente ao styling ultra trabalhado de Jala.
É um desfile repleto de detalhes. As calças com barras propositalmente desgastadas, a marca de terra da bola das peladas na camisa, o efeito surrado que transmite essa ideia de lembrança e memória, as flamulas que viram gorros e kilts, as estampas desenhadas à mão, a camisaria de recortes, o jogo de proporções entre meiões justos e sobreposições de bermudas e calças largas. Num mundo global em que não existem mais subculturas, a diferença agora mora nesse mix de estéticas e Pedro soube fazer isso com inteligência. O bloke core deu as caras, claro, mas alguns dos principais looks furam esse universo – como as jaquetas em jacquard da parceria com a Kid Super.
É sempre bom lembrar que a moda começa na rua, no dia a dia, na vida fora da passarela. Esse desfile foi um belo lembrete.