Quando os primeiros segundos de “Heroes” do Bowie ecoaram pela sala de desfile, já esperava que seria um desfile emocionante de Rick Owens. Num primeiro momento – e para muitos –, Rick pode parecer um punk, agressivo e extremo, mas ali mora um romântico, idealista e sonhador.
Num mundo onde o pior do passado segue nos assombrando, em que minorias seguem procurando seu lugar ao mundo, em que o não convencional é tratado com retaliação e agressividade, nós entendemos que desajustados, freaks, questionadores e não conformistas são mais necessários do que nunca.
Usar saltos e plataformas gigantes, usar lentes negras, usar ombros que parecem muros… é a forma de Rick provocar e se proteger. Inofensivo, mas muito incômodo, assim ele e sua moda são. Os filetes entrelaçados que formam texturas, espinhos e uma silhueta invertida (conquistada pelas botas co-criadas pelo designer Victor Clavel Y) enchiam os olhos. Assim como as peças com camadas de couro e vinil assinadas por @matissedimaggio.
Nessa distopia cada vez mais real: capuzes e skinny, uma das apresentações mais slim que ele mostrou em tempos. Mas não menos forte. É um inverno quente, com modelos quase despidos, torso à mostra, cropped e flares. Meio raver, meio andarilho, meio apocalíptico… os heróis de Owens.