Com uma perfomance de dança logo de início, já era possível captar qual seria a homenagem que Maria Grazia Chiuri faria em sua coleção de Resort 2023. Realizado em Sevilha, na Espanha, a diretora criativa da Dior faz uma menção honrosa à cultura local, para mostrar ao mundo o trabalho de mulheres que conversam com a nova mulher Dior.
Um casal de bailarinos introduz com o som de seus calçados a perfomance do filme “Follow the Boys” (1940) apresentada por Carmen Arraya, popularmente chamada de La Capitana. A dançarina de flamenco espanhola, é conhecida não apenas pelo seu papel fundamental na historia da dança, mas também por ser a primeira bailarina de sua época a vestir trajes masculinos.
Ao reverenciar La Capitana em seu desfile, Maria Grazia Chiuri apresenta uma coleção de 110 looks que traz a dualidade da identidade na dança, vista nas apresentações da bailarina que carregava consigo a aparência andrógina de seus personagens singulares.
Introduzindo peças do vestuário masculino na coleção, como jaqueta de toureiro, calças de alfaiataria e ternos, Chiuri soube como evocar a imagem de Carmen para os dias de hoje.
Maria Grazia também referencia a década de 50 e Cayetana Fitz-James Stuart, conhecida também como Duquesa de Alba, sua paixão pela equitação junto com Jacqueline Kennedy.
O look de hipismo apresentado no desfile e comparado com o de Cayetana, não restam diferenças. A calça de cintura alta, jaqueta curta e o chapéu de aba larga eram a marca de estilo da socialite. As chaparreiras que sobrepõem as calças ganham os monogramas da Dior.
O mix da coleção fala muito sobre a cultura da Espanha, recheando com mais conteúdo o imaginário coletivo. É o caso do vestido de 1956 Bal à Seville, feito por Christian Dior, que agora, nas mãos de Maria Grazia é reformulado com uma cintura menos marcada, mais bufante no busto e com a saia menos estruturada. (GABRIEL FUSARI)