João Pimenta toma as passarelas da São Paulo Fashion Week com um funeral e uma um desfile todo preto. Ele conta que suas duas últimas coleções falavam sobre sentimentos relacionados à pandemia; nesta, João tenta quer enterrar essa fase criativamente através de um cortejo funebre dessa época, desses traumas e desse eu pandêmico.
Criar sobre um canvas monocromático, no entanto, não fez da coleção menos interessante. João Pimenta une diversas das referências que são tão presentes em seu trabalho, com peças de perfume gótico e romântico e uma intensa sobreposição de tecidos. Saias e calças de renda aparecem sob sobretudos, blazers e sobrepostas à calças. Silhuetas do masculino são desconstruídas na cintura e ancas e lembram anáguas de épocas, mas sobre os corpos masculinos. Saias longas e volumosas também chamam atenção e são combinadas com blazers, jaquetas, anoraks de corte minimalista tecidos como veludo e materiais sintéticos.
Ao final, looks bordados mostram um trabalho artesanal muito preciso, criando esqueletos e caveiras de alfinates, paetês e brilhos sobre os ternos e casacos, em uma imagem que é, ao mesmo tempo, o esqueleto sendo enterrado, quando uma fagulha de esperança reluzente.