Ao ver o desfile da Misci em ação, não é estranho franzir as sobrancelhas. Afinal é preciso uma certa liberdade e abstração, para entender onde as criações de Airon e a música que saltam dos seus AirPods se encontram. Um Brasil idealizado, que flerta com a realidade, mas também sonha e é otimista – sempre que possível.
Depois de diferentes elementos do imaginário popular, o designer olhou para, segundo ele, um dos maiores símbolos sócio-políticos do Brasil: o galão de um litro de gasolina. Apesar da pólvora estar na trilha, as roupas eram mais introspectivas, comedidas. Os acessórios de metal co-criados por Carlos Penna arremataram algumas das peças mais interessantes.
Se quem dirige quer acelerar, feliz é quem está no banco do passageiro, que pode vislumbrar uma paisagem mais etérea, com uma alfaiataria recortada, golas avulsas que flertam com um outono não tão made in Brazil, mas nem por isso menos interessante. Menção especial as peças jeans que ganharam um acabamento sofisticado, como o vestido de silhueta A e costas nuas. As bolsas, que já são best-sellers conseguiram permanecer protagonistas, são ótimas as versões baguete, estruturadas e com nervuras sinuosas. A coleção Jerimum é como o nome sugere, agridoce, agradando diferentes paladares.