Conhecida pelo trabalho que fez junto a Kanye West na Yeezy Gap mas estreante na Paris Fashion Week a designer Mowalola Ogunlesi chama a atenção em sua marca homônima não apenas pela forma subversiva que ela mistura sensualidade com o streetstyle, mas também como ela retrata suas raízes de origem nigeriana.
Isso se soma à obsessão da diretora por filmes de super-heróis como Batman. As estampas em camisetas justas faziam alusão ao uniforme do homem morcego, que bateu o recorde de bilheteria nos cinemas do país. Barrigas de fora, pernas aparentes, muito couro e PVC, contrastavam com os símbolos que remetem a religiosidade da Nigéria, país que sofre uma guerra religiosa há 12 anos. A designer faz menções críticas, com a pele à mostra em roupas que fazem alusão aos cristãos e os jihadistas que vivem impasses e confrontos e de imposição ao conservadorismo.
As balaclavas aqui foram usadas como um ponto de reflexão sobre as novas cruzadas religiosas, tanto nos looks que lembram um vestido de noiva tanto quanto uma burca. As cruzes são posicionadas em espaços estratégicos, como uma menção ao controle do corpo e da sexualidade, do corpo estivesse preso ao dogma. Isso é reforçado pelos cadarços que ora seguram as fendas das peças para melhor sustentação e ora amarram o corpo, impedindo a mobilidade, lembranço posição de prece e fetichismo. Com o styling de Lotta Volkova, as combinações traziam dualidade de significados para a coleção.
(GABRIEL FUSARI)