“Yeah, the president sucks, he’s a war pig fuck” canta Kim Gordon, sobre as guitarras distorcidas de Youth Against Fascism, do Sonic Youth em alto volume enquanto passam em ritmo fréneticos por nossa frente as ideias e propostas de Miuccia Prada e Raf Simons para o verão 23 da Prada.
Como versões de um mesmo homem, o desfile começa comuna sequência de ternos de trabalho, com diferentes abotoamentos, golas e corte preciso e mais próximo ao corpo. Todos eles tem algo em comum: as barras das calças mais curtas e a combinação com botas de cano médio e bico de pontas levantadas.
Aos poucos, essa imagem dá lugar ao momento de certa rebeldia e fetiche, como se o lado B desse mesmo homem viesse à tona, quando cai a caneta no escritório. Uma série de looks onde o shorts ultra curto de couro e zíper duplo domina, ganhando a companhia de camisetas afiveladas (também em couro), tops gráficos em tricô, um deles lembra uma obra de Mondrian e casacos de chuva minimalistas e amplos, em tecido de aspecto empapelado estampados de xadrez Vichy azul, vermelho e laranja. Destaque para o momento jeans do desfile em conjuntos de inspiração workwear e lavagem clara e amarelada, de aspecto sujo.
O que Miuccia e Raf parecem propor aqui, mais do que qualquer imagem novidadeira para os feeds, é uma coleção de novos básicos para um homem contemporâneo que quer ter a liberdade de transitar entre muitos estilos e viver diferentes aventuras.