Pisar na Bienal é sempre uma experiência para quem cobre moda, afinal foi ali que alguns dos mais emblemáticos desfiles aconteceram: a Misci acaba de entrar nessa lista. Sob uma coleção intitulada “Tenda Tripa”, Airon desfilou sua visão de Brasil, que é bem particular e pessoal – por mais que tenha expressões características e regionais, como Pemba, aparecendo aqui e ali.
Dentre sinuosidades e formas orgânicas já conhecidas, o que chama atenção desta vez são as texturas, a começar pelas emborrachadas, como a camiseta do terceiro look. Outro highlight: as peças envelopadas e os acessórios de papel co-criados pelo estúdio Papelaria (como a regata-vestido de Malu Borges na primeira fila), que simbolizavam esse desejo cerebral e pensante que o criador tanto gosta.
O feminino está cada vez mais exuberante, propondo uma nova noção e entendimento de sexy, as peças em collab com Lenny Niemeyer foram importantes para isso, dando um ar mais solar e sendo um contraponto à alfaiataria ultra urbana. Os vestidos acetinados assimétricos devem ser hit.
Sua fan base do masculino que compareceu em full looks de diferentes coleções devem ter também aumentado a wishlist: João Guilherme, Enzo Celulari, Chay Suede… dão essa ajudinha no quesito desejo. As jaquetas box merecem menção especial, assim como o trench coat com zíper frontal – a pólo de crochê promete ser um hit comercial.
Carlos Penna, designer de acessórios que vem colaborando com algumas das principais marcas nacionais, fez uma das suas melhores co-criações com uma pegada meio equestre, meio fetichista. E, por fim, sapatos assinados pela Botti feitos de biocouro bem marcantes.
66 looks, uma fila A bem estrelada e um fator-surpresa: Ivete, a grande popstar nacional, encerrando. Para Airon o desejo de ir para além da bolha é uma constante e cada vez mais vai ganhando forma. Tenda Tripa é definitivamente um divisor na história da marca. A pergunta que fica é: qual o próximo passo? Tudo indica algo para além das terras brasilis. Esperemos.