A Itália vive uma espécie de ostracismo criativo, uma das principais semanas de moda do mundo é ultra tradicional, tendo um abismo entre nomes como Armani e uma nova geração que inclui Sunnei, CGDS e a The Attico, que estreia nesta temporada. Mas se todos buscam o novo, a Itália bate o pé: o que o resto do mundo não tem e quer? Os saberes e o estilo italiano.
Então estamos sentindo essa ode e auto-referência; na Fendi, Kim Jones disse que olhou pro modo que as romanas se vestem e na passarela reinterpretou uma coleção que Lagerfeld fez pra marca de 1999. Na Prada houve também uma busca no acervo, da bolsa de 1930 à temática gladiadora de anos atrás.
Tudo isso para dizer que se tem uma marca que consegue revirar seu passado com inteligência, suor e humor… é a Versace. A marca conseguiu fincar um lugar cativo no mundo pop, usar seu legado ao próprio favor e entregar imagens envolventes – você se diverte, sorri, flerta… e a mulher Versace, claro, flerta de volta!
Desta vez, Donatella lançou mão dos seus queridos tons açucarados: rosas esmaecidos, amarelo tímido, menta, azul bebê. Tudo remete ao icônico verão 1995 bem girlie. A imagem final tem um quê de “O Vale das Bonecas”, clássico cult de 1967, a ref se estende a beleza bem sixties com topetes arrematados por laços. Além dos separates coordenados, são interessantes as hotpants e o mix de texturas (quanto mais, melhor, óbvio!). Menção especial ao masculino particularmente interessante e fresco.
Num momento que as supermodels voltaram a ser tópico, a marca ganha também, afinal foi na passarela da Versace que as OG entregaram algumas das imagens mais inesquecíveis dos anos 1990 – em falar nelas, Claudia Schiffer, excluída desse revival até então, deu as caras encerrando o show. Bem na tríade tall, blonde e rich, que nos faz deslumbrar. A trilha com Justify My Love deu uma ótima apimentada!