Quando Simon Porte Jacquemus entrou na corrida secreta para ocupar o posto de diretor criativo da Chanel, muitos disseram que lhe faltava ainda habilidade suficiente, outros insinuaram que o próprio Jacquemus havia plantado o rumor para se divulgar. O desfile de hoje (26.01) foi, de certa forma, seu jeito de se vingar e provar que todos que o questionaram estavam errados.
A começar pela data extremamente estratégica: um dia antes do início oficial da semana de alta-costura. Em um apartamento dos anos 1930 assinado pelo arquiteto Auguste Perret, Simon desfilou a coleção “La Croisière” (O Cruzeiro) que pretende mostrar como a alta-costura está presente em seu trabalho e sua leitura da couture contemporânea que combina rigor a um par de tênis Nike. Drapeados, fendas, vazados, a forma sendo protagonista; e linhas puras para mostrar principalmente corte e caimento.
Se o feminino olha pros anos de ouro da haute-couture, com direito até a teatralidade de tops de diferentes gerações (indo de Christy Turlington, a Adriana Lima e Alex Consani), no masculino Jacquemus é mais divertido, mas sem deixar de lado os princípios rígidos da alta-costura francesa: cintura ultra marcada, corsets, botões milimetricamente ajustados, casacos de ombros esculturais, ali tudo, exatamente tudo, foi pensado para mostrar a construção de cada peça. Entre zebras, o clássico P&B e uma estampa bem humorada de bananas, Simon volta à Paris com uma mensagem clara: cresci – e quero ir muito além.