Quando surgiu nos anos 2000, Rick Owens foi tão incompreendido quanto fascinante. Propunha mais que uma nova estética, um novo universo, com códigos, símbolos e linguagem próprios. Visceral e agressivo, poético e sonhador. Ao lado da sua eterna musa, Michèle Lamy, conseguiu ao longo de duas décadas se firmar como um símbolo cult, sem deixar de ser fiel à sua essência. Com tamanha verdade conquistou verdadeiros fãs e seguidores de sua estética.
Na manhã de hoje (20.06), no Palais de Tokyo, em Paris (que já se tornou CEP oficial dos seus desfiles), ele fez uma das suas apresentações mais majestosas, com ares imperiais, misturando Império Romano e outros ícones da Antiguidade para apresentar a sua visão de Hollywood, que dá nome à coleção de Verão 2025.
A cartela quase toda off-white (no lugar do seu onipresente preto) tem sentido: remete ao mármore que dá vida à esculturas monumentais que imortalizaram pensadores, filósofos e criadores. A silhueta com ombros monumentais permanece, já se tornou sua assinatura, que mistura o lado humano com mitológico. Criaturas mágicas.
Por mais intenso que seja, Rick tem um lado romântico e ama moda, no início da sua carreira falava com frequência que gostava de olhar pra Vionnet, nessa coleção dá para ver mesmo essa influência: vestidos vaporosos, lânguidos, capuzes, acetinados que parecem metal derretido. Suas ambivalências tão onipresentes. Ritualístico e escultural. E por mais que seja hoje um termo em estado de banalidade, Rick é um verdadeiro subversivo.