A moda (ou seria nós?) está presa ao passado? É difícil uma marca que não olhe para o passado, o perfume envolvente da nostalgia nunca nos seduziu tanto. Sem saber o que esperar do futuro, nos resta romantizar o que vivemos ou idealizamos. Vaccarello que o diga, a coleção da Saint Laurent desfilada hoje (24.09), no segundo dia da PFW foi – mais uma vez – uma ode aos códigos da casa.
Se na passada, Anthony foi criticado por colocar na passarela basicamente e exclusivamente uma única silhueta: justa ao corpo e zero democrática. Dessa vez ele se arriscou sem sair da cartilha YSL: ombros magistrais, o primeiro bloco é dedicado a imagem pessoal de Yves com seus ternos sisudos usados como uniforme desde o final dos anos 1980.
Mas depois de toda a sobriedade, Vaccarello introduz as viagens extraordinárias – e criativas – que monsieur Laurent fez e materializou em roupas: jaquetas curtinhas de lurex, anáguas com rendas coloridas, babados, blusas franzidas com decotes sem fim, crepe de chine, paisleys, tops com laçarotes e golas dramáticas. Da Rússia à Índia, do Marrocos à Espanha.
Num mundo obcecado pela juventude, falta uma marca que dialogue com quem procura estilo e não se limite à tendência. Saint Laurent sempre soube disso, Vaccarello também. Daquelas coleções que não entregam apenas lançamentos, mas uma atitude, uma forma de viver e enxergar a vida.