Depois de seu situado verão, a Osklen se desorienta no mapa deste inverno 2010. Ao tentar pisar fundo demais no acelerador, em direção a uma abordagem mais conceitual e arquitetônica dos looks, a marca sai da estrada em que caminha melhor: as ruas.
Num desfile repetitivo, a maioria das peças trabalhou formas tridimensionais, lembrando caixas _com as modelos desfilando mesmo como se estivessem encaixotadas ou engessadas_ primeiro em grosso feltro de lã, depois em tresset de palha de seda, quase utilitárias nos capuzes/arquivos e no mochilismo. Na passarela, um resultado quase sempre interessante, mas era preciso apertar os olhos para tentar descobrir o que realmente estava sobre a pele dos modelos.
No release, lemos que a coleção se chama “Trópico de Capricórnio” e que se trata de “um inverno inspirado em nossos verões”, no caso, segundo disse em entrevista o designer Oskar Metsavaht, em coleções anteriores da marca. Nenhuma das informações chega a ajudar muito para ver onde chega o desfile (que tem como ironia-bônus o fato de mostrar apenas dois fiapos tingidos de peruca sob toucas de feltro sendo patrocinada por uma marca de xampu). Será que ajuda o Wikipedia que o Trópico de Capricórnio no Brasil passa em São Paulo, Paraná e Mato Grosso e em outros dez países?
Deixando o release de lado, podemos enxergar no desfile da Osklen o que poderia ser um pauperismo tropical, com as deliciosas botinhas desconstruídas também em feltro e a moderna estamparia tecno-tropix. É quando fica mais “humana” que a marca emociona, como sabe fazer. Andarilhos com gigantescos pulls ultracoloridos, pontos enormes, listras horizontais, e os longos-coluna de perfume grunge (com ombreiras quadradas), neste segmento em que se desdobram acertadamente as formais mais abstratas e geométricas que apareceram já no vocabulário da marca.
Se o bonito trabalho de degradê em marrom e os looks em feltro cru também parecem difíceis de pegar na vida real, os looks de Vivi Orth (em couro ecológico dublado) e o de Leonardo Windlin (calça folgadona, chinelas, regata e casaco avonts) sintetizam o que a Osklen queria falar nesta estação _mas não soube direito como.
Direção criativa e estilo: Oskar Metsavaht
Direção de arte: Ana Amélia Metsavaht
Coordenação de moda: Juliana Suassuna
Marketing: Nelson Camargo
Diretor de desfile: Zee Nunes
Styling: Pedro Sales
Make: Terry Barber
Hair: Daniel Hernandez
Trilha: Mangajingle