Lino Villaventura possui um universo idiossincrásico, com suas próprias regras que vão na contramão e passa longe de qualquer tendência ou movimento passageiro. Tanto que facilmente se reconhece seu trabalho, de caráter dramático e autoral. E é assim em todas as edições do SPFW – com 40 anos de carreira, ele é o único estilista que desfilou nas 47 edições do evento. Apaixonado por técnicas de construção das mais diversas, Lino gosta de explicar sua coleção no tête-à-tête, pra cada um. Nada de release. E, segundo ele, nada tem um porquê. “O ponto de partida começa de um jeito e termina de outro completamente diferente, como tudo o que faço”, conta Lino. “Começo com uma imagem, que é mutante na verdade, e se transforma em outra coisa”. Essa imagem prévia alude à primeira série do desfile, que foi aberto por sua musa, Marina Dias. São looks que evocam uma vibe futurista, com bodysuits de veludo, mangas com franjas translúcidas e tecidos luminosos, como o vinil preto e vermelho visto em capas, puffer jackets e macacões com shape mais amplo. Do futurismo, a coleção caminha para a sua já conhecida riqueza de tecidos, volumes e texturas. Nervuras, frisos, plissados, jacquards e patchworks se misturam em meio a transparências e brilhos, com aplicações bordadas à mão. Nessa história, houve looks com referências do Japão e alguns menos cerebrais, com propostas mais usáveis. Lino também falou sobre reaproveitamento – algo que não raro ele pratica ao longo de suas coleções. Foi desfilada uma peça criada pelo estilista em 1999, feita com escama de peixe desidratada. E nos pés, uma colaboração com a Mxtri.lab, marca de calçados recém-lançada cuja proposta é reaproveitar materiais excedentes da indústria. Aqui, botas over the knee, sneakers, scarpins e coturnos foram criados a partir de uma malha desenvolvida com retalhos de couro descartados por varejistas fast fashion, bem como calçados reaproveitados de coleções anteriores do Lino. (Guilherme Meneghetti)
Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite
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