Direção criativa
Patricia Viera
Styling
Felipe Veloso
Beleza
Max Weber
Trilha
Alexandre Kimelblat
Direção de desfile
Andrea Viera
“Cada pessoa é um mundo”. Essa frase de Clarice Lispector foi um dos pontos de partida da coleção da estilista carioca Patrícia Viera. O trabalho da artista americana Susan Wick e a arte naïf de Heitor dos Prazeres também ficam bem nítidos nas cores e desenhos lindamente manuseados, selados ou bordados, couro sobre couro.
Patrícia aproveitou para rever o montante de pedaços e retalhos de couro que descansavam em sua fábrica e dar a eles uma nova vida. Desse pensamento, surgiram momentos bem expressivos do que o trabalho manual e a tecnologia podem fazer juntos. Cada peça tem um modo de fazer, seja as pequenas flores feitas de couro aplicadas uma a uma nas peças também de couro, seja nos recortes coloridos que também reaproveita o material. Os vestidos do final –Andrea Dellal fechou o desfile em um deles – com mosaicos construídos por Natalia Reyes e John de Souza com pedaços de couro traduzem muito bem o universo da marca.
Nós já conhecemos o trabalho de Patrícia e sua incrível habilidade com o couro, que nunca deixa de impressionar. Porém, por mais concisa e rigorosa que seja com seu ofício, ela ainda caminha em uma zona de conforto. Talvez fosse o momento de vermos um encontro do couro com outros materiais ou até mesmo o trabalho no couro tomando novas formas e proporções além dos vestidos. A jaqueta com perfume esportivo do look 14 é um ótimo exemplo – Patrícia sempre fez ótimas jaquetas. Ela compõe tão bem com o vestido na mesma estampa quanto com uma combinação mais urbana. Seria interessante ver seu olhar apurado voltado para um vestir mais contemporâneo. (Camila Yahn)