SÃO PAULO, 11 de junho de 2010
Por André Rodrigues (@randreh)
A Movimento merece destaque no SPFW com uma coleção que desbrava horizontes além-mar. O recado é dado logo de cara, no primeiro look, com Emanuela de Paula vestindo um casaco de patchworks em padronagens listradas, nada a ver com praia, tudo a ver com o mundo real, onde vivemos, moramos e trabalhamos 24×7. Ponto para a marca, que compreendeu que as mulheres atuais precisam ser adaptáveis a diversas ocasiões: elas descem para o litoral partindo da capital, e para a cidade grande retornam depois de uma tarde de sol.
Inspirada no trabalho de Peter Beard, fotógrafo americano que se consagrou com registros e colagens sobre a África, a estilista Tininha da Fonte aciona estampas sensacionais, super desejáveis, que devem durar por muitos verões. E também ativa matérias-primas como as lâminas de couro de peixe numa ode ao artesanato hi-tech, provando que é possível experimentar numa passarela de beachwear fugindo dos clichês.
As modelagens são variadas, com foco nos modelos tomara-que-caia (hits desta temporada), e atenção ao militarismo: quando Barbara Berger entra na passarela vestindo uma saída de praia verde-musgo, assimétrica, a plateia é surpreendida no melhor dos sentidos. Para quebrar a austeridade bélica, a marca intercala as formas orgânicas, abusa dos penachos nas cabeças, dos colares feitos de bolas de tecidos. Equilibrio desse grau é coisa rara.
O utilitarismo entra em foco com cintos que poderiam ser do Batman, maiôs com bolsos e bolsas-mochilas, tudo muito bem editado para não tirar a atenção das roupas. Intercalando maiôs com biquínis, saídas de praia com macacões, sandálias semi-gladiadoras com tressês, Tininha conquista um lugar ao sol na moda praia. E vai dar o que falar no verão 2011.
Direção geral e estilo: Tininha da Fonte
Direção do desfile: Zee Nunes
Stylist: Pedro Sales
Make up & hair: Robert Estevão
Trilha sonora: Zé Pedro