Direção criativa:
Alberto Hiar
Estilo
David Pollak e equipe
Styling
David Pollak
Beleza
Robert Estevão
Direção de desfile
Wan Vieira
Trilha sonora
Ao vivo, com 20 índios da tribo Iawanawá
Materiais
Bordados artesanais feitos na Índia, patchwork de jeans, tule de seda, musseline, cetim de seda, cambraia de algodão egípcio e sarja
O desfile da Cavalera já estava sendo comentado muito antes de acontecer. A presença de índios da tribo Yawanawá fazendo a trilha já causava uma curiosidade e um burburinho em torno da apresentação. Tudo aconteceu à noite, num descampado no parque, nós sentados em esteiras de palha, um friozinho confortável. Os índios fizeram sim uma bela apresentação, com seus cocares escandalosamente bonitos.
E as roupas traduziam, à sua maneira, a experiência da trupe da Cavalera no festival que a tribo organiza anualmente. Os elementos caros à cultura indígena estão lá, como bordados inspirados no trabalho de miçangas e referências ao kene, desenhos que possuem significado espiritual. Na estamparia, muita borboleta, pontas de lança, jiboias, onças e andorinhas (“Quando você chega na aldeia, as andorinhas vêm te receber”, disse Alberto).
Para uma marca que tem sua origem no universo rock’n’roll e num estilo bem urbano, esse intercâmbio com os índios mostrou coragem da equipe para ousar olhar para uma outra direção, o que acaba impactando na modelagem e na direção da moda mesmo. A coleção, tanto feminina quanto masculina, está mais madura, ainda jovem, mas não tão jovem. Certamente a inspiração na Cacique Mariazinha, grande força Yawanawá, encorpou com mais força a mulher da Cavalera, que aparece mais forte, mais sensual, mais original.
No masculino, destaca-se a alfaiataria em tons neutros, em uma imagem inspirada em um safári utilitário. Daí surgem detalhes que fazem a diferença, como o paletó fechado por um pequeno zíper. Para celebrar junto com a tribo, um ihuuuu pra Cavalera! (CAMILA YAHN)