Direção criativa
Helo Rocha
Styling
Daniel Ueda
Beleza
Henrique Martins
Trilha sonora
Mestrinho, tocando sanfona ao vivo
Direção de desfile
Ruy Furtado
Inspiração
A cultura do cangaço
Materiais
organza, couro, tachas, bordados
Helo Rocha trocou o misticismo religioso e esotérico pela mística que envolve o folclore do cangaço nordestino. Na segunda coleção da marca que agora leva seu nome (ex-Têca), a estilista também entrou no mood mais romântico delicado do que sensual exótico de suas duas últimas coleções, ambas muito bem-sucedidas, com vestidos disputados e usados em grandes festas tipo amfAR. Se deu bem novamente, com um romantismo decorativista intelectual (em alta desde que Alessandro Michele entrou na Gucci) mantendo seu DNA de estilo.
A força da mulher Helo Rocha agora aparece na maneira como a estilista aplica os bordados e motivos típicos dos chapéus, jaquetas e cinturões dos cangaceiros nas belas jaquetas de couro da coleção e no vestido que abre o desfile, assim como no macacão azul talcado e no vestido longo rosa vazado a laser. Além da série de couro, Helô aposta no efeito leitoso e esvoaçante da organza que ganha um monte de tachas, assim como os sapatos superdecorados e coloridos. As cores nos bordados, aliás, embora pareçam uma releitura superfeminina da estilista, eram muito usadas por Lampião para se diferenciar dos outros cangaceiros. Seu bando e ele, em especial, eram conhecidos pela vaidade e pelas produções extravagantes, usando a exuberância das roupas como indicação da posição hierárquica do grupo e de poder por onde passassem no Nordeste dos anos 20 e 30.
Usados em cascatas, os babados ultrarromânticos também ganham um efeito de um certo e desejável estranhamento. Mérito de Helô, que conseguiu juntar tantos elementos girlie – vestidos longos esvoaçantes, organza, bordados, babados, candy colors – num resultado cool, sem overdose de açúcar. (CAROLINA VASONE)