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    Handred
    N47
    Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite
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    Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite
    Por Camila Yahn 25.abr.19

    Com Virgínia Rodrigues cantando ao vivo, André Namitala faz seu desfile mais maduro e bonito. Sua inspiração foi a Bahia - a Bahia dos orixás, dos artistas, de São Jorge e Iemanjá, de raízes brasileiras e africanas, de rica cultura. "Me sinto mais criativo na Bahia", diz André ao FFW. Essa não é a primeira vez que ele se inspira no estado nordestino - em 2017 ele fez uma coleção que tinha como referência as fotos do francês Pierre Verger sobre a Bahia. Esta coleção chama-se Rio Vermelho e mostra uma grande evolução na trajetória de André. Primeiramente, ele só trabalha com tecidos naturais e o exercício desta vez foi pensar em como evoluir dentro dessa temática. A partir dessa necessidade, Namitala incorporou bordados, seda dublada, linho cortado a laser, marcou mais a cintura e experimentou com uma modelagem "cocoons de seda" pela primeira vez. E como ele mesmo ressalta, não dá para falar de Bahia sem olhar para a África. Ele trouxe o trabalho do fotógrafo do Mali, Malick Sidibé, que capturava em preto e branco cenas de celebração, jovens dançando em suas roupas de festa, camisas listradas e ternos quadriculados. Daí veio a alfaiataria colorida e os listrados. Há as roupas que mostram entidades do Candomblé, pinturas manuais de orixás ou corpos jogando capoeira, bordados da espada de São Jorge e Iemanjá. "Queria passar uma mensagem além da roupa", diz. "Queria falar sobre respeito, fusão, mistura, algo que não tem acontecido nesse momento no Brasil". Linda a série dos vermelhos e terrosos que abre o desfile, os búzios como ornamentos, os homens de túnica e batom vermelho. Um desfile calmo, um amanhecer na Bahia, como ele diz. Tudo embalado pela voz que abraça, mas também chora dor e amor, de Virgínia Rodrigues. Caetano já disse que Virgínia é um ponto de luz, "uma aparição surpreendente de beleza pura do seio da cultura do povo do recôncavo da Bahia". O caminhar dos modelos não teve outra opção a não ser entrar no ritmo de sua voz. Esta é a terceira coleção da Handred no SPFW e, desde então, a marca já abriu dois pontos de venda, um no Rio e outro em São Paulo, e tem sido prestigiado por artistas como Criolo, Chay Suede e Lulu Santos, todos na primeira fila do desfile. Com um trabalho coerente em termos de estética, produção e negócios, André sabe que um trabalho consistente vale muito mais que flashes de sucesso. E assim ele segue. (Camila Yahn)

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