Jonathas de Andrade no Pavilhão do Brasil na 59ª Bienal de Veneza

Que brasileiro não conhece ou nunca utilizou expressões como “nó na garganta”, “cara de pau”, “olho do furacão”, “das tripas coração”, “de braços cruzados”, “empurrar com a barriga”? Essas expressões populares no Brasil que se utilizam de partes do corpo humano em metáforas são a inspiração para a instalação inédita Com O Coração Saindo Pela Boca, do artista brasileiro Jonathas de Andrade para o Pavilhão do Brasil na 59ª Bienal de Venezia, que abre neste sábado 23 de abril e segue até 27 de novembro.
Jonathas é um dos artistas brasileiros mais representativos de sua geração, e foi convidado pelo curador Jacopo Crivelli Visconti para conceber o projeto que marca a presença do Brasil na bienal mais antiga do mundo.
“Existem centenas de expressões populares com partes do corpo para descrever sentimentos e situações. Elas envolvem literalidade e absurdo para dar conta da subjetividade, o que para o momento do Brasil, é muito revelador. Usar essas expressões para falar da perplexidade do corpo brasileiro diante do presente em tantas instâncias – política, social, ecológica – me parece muito potente. As expressões desta coleção compõem bem este panorama emocional nacional, por exemplo ‘entrar por um ouvido e sair pelo outro’ e ‘de partir o coração’”, explica o artista, que entre suas referências tem a boneca Eva – uma gigantesca boneca de 45 metros de fibra e espuma que rodou o país nos anos 1980, na qual o público podia entrar para conhecer o funcionamento do corpo humano). Ao adentrar o pavilhão por uma orelha, o visitante encontrará impressões fotográficas, esculturas (algumas delas interativas) e um vídeo assinados pelo artista alagoano.
Com curadoria de Cecilia Alemani, a Bienal de Veneza 2022 retira seu título do livro The Milk of Dreams (O leite dos sonhos) da artista surrealista Leonora Carrington (1917, Reino Unido – 2011, México). A mostra acontece na histórica cidade italiana de 23 de abril e segue até 27 de novembro.