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    A história do Oscar: dos fatos às gafes, das estrelas premiadas às esnobadas

    A maior premiação do cinema, que começou em 1929, chega à 2021 com edição híbrida

    A história do Oscar: dos fatos às gafes, das estrelas premiadas às esnobadas

    A maior premiação do cinema, que começou em 1929, chega à 2021 com edição híbrida

    POR Redação

    Por Luiz Henrique Costa

    Algumas teorias lendárias envolvem a cobiçada estatueta dourada e o surgimento informal do nome Oscar, mas sem dúvida uma das mais divertidas é a de que a atriz Bette Davis, vaidosíssima, nominou a estatueta baseada na semelhança com o seu então marido, o trompetista Harmon Oscar Nilson. Há também a teoria mais popular – e menos extravagante – de que o nome surgiu simplesmente após a fala de uma das secretarias executivas da Academia comparando a silhueta do objeto com um tio chamado Oscar. O nome sugerido foi assumido oficialmente somente em 1939, dez anos após a primeira edição do prêmio mais tradicional do cinema. 

    O primeiro Oscar

    Curiosamente a primeira edição da cerimônia aconteceu em 1929, ano do início da Grande Depressão e do crash da Bolsa de NYC, um dos piores períodos de recessão econômica da história moderna em um breve evento de apenas 15 minutos. Naquele ano foram premiadas as produções dos dois anos anteriores a partir das indicações realizadas pela The Academy Awards, criada em 1927 por Louis B. Mayer, o todo poderoso da MGM, o estúdio responsável por criar a mitologia em torno do cinema de Hollywood, das mega produções e que deu inicio a era de grandes gerações de estrelas como Joan Crawford e Greta Garbo. 

    Os Estados Unidos mergulhavam em uma década obscura, enfrentando taxas alarmantes de pobreza e desemprego, e o cinema se revelou uma ferramenta poderosa ao exercer um papel de fascínio e escapismo para a população que mantinha fresca na memória um recente e próspero passado e sonhava em retornar ao auge da riqueza e da abundância experimentados no decorrer dos anos 20.

    ACAMADA, JOAN CRAWFORD RECEBE O OSCAR DE MELHOR ATRIZ EM 1946, PELO FILME “MILDRED PIERCE”

    ACAMADA, JOAN CRAWFORD RECEBE O OSCAR DE MELHOR ATRIZ EM 1946, PELO FILME “MILDRED PIERCE”

    A indústria fervilhava com a revolução do cinema falado que teve inicio com o musical de “The Jazz Singer” de 1927, produzido pela Warner Bros, e onde novas e imprevisíveis regras no jogo se estabeleciam. Como em todas as revoluções realmente significativas, tudo era incerto: O jeito de pensar, gravar e dirigir cinema estava mudando. Como a indústria e profissionais se adaptariam ao novo formato? Alguns nomes, como o primeiro grande galã do cinema mudo, o ator Rodolfo Valentino, adepto as expressões faciais exageradas próprias dos filmes sem diálogo dificilmente se adaptaria ao novo formato. Morreu jovem, com apenas 31 anos, talvez antevendo sua própria decadência profissional.  

    Em suma, a premiação do Oscar e a Era de ouro do cinema surgiram em um ambiente promissor alimentado por sonhos e esperança, em meio a todas as adversidades da década de 1930, o fortalecimento do fascismo na Europa e a ameaça cada vez mais eminente da Segunda Guerra.

     

    A Era Televisiva

    Em 1953 a cerimônia passa a ser televisionada e a partir desse acontecimento vai ganhando cada vez mais projeção e status e hoje é transmitida em mais de 200 países, se equilibrando na corda bamba que é manter relevância e tradição em um mundo cada vez mais digitalizado e dominado pelo poder dos gigantes do streaming – a Netflix vem dando o recado e mudando as regras desde “Roma”

    Incorporar categorias ao longo das décadas, como a de melhor filme estrangeiro mirando a internacionalização do prêmio, apresentadores irreverentes como Whoopi Goldberg e Billy Crystal e as aguardadas apresentações musicais ao longo dos anos foram passos importantes, mas hoje é preciso se reinventar na velocidade da internet. 

    Whitney Houston e Mariah Carey cantam a música tema da animação “O príncipe do Egito” em 1999

    Whitney Houston e Mariah Carey cantam a música tema da animação “O príncipe do Egito” em 1999

    Alguns esforços vêm sendo realizados pela Academia para tornar o evento mais atraente principalmente aos expectadores mais jovens, o que nem sempre surte efeitos diretos em termos de audiência, mas o fato é que a importância da premiação e o retorno de mídia espontânea para a indústria e todos os profissionais na sua órbita são inegáveis. O Oscar ainda é o assunto que predomina nas redes sociais e não há  site ou impresso que não publique com destaque pelo menos uma imagem de red carpet da categoria mais glamourosa da noite, a de melhor atriz, com seus fantásticos vestidos e joias que seguem como poderosas vitrines de marketing e visibilidade para marcas e estilistas. A celebridade do momento vestindo a marca certa é um match certeiro.

     

    Reparações Históricas

    O Oscar vem tentado reparar vergonhosos e lamentáveis fatos históricos a passos lentos. Hattie McDaniel, a primeira atriz negra a ser indicada e vencer o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela personagem Mammy em “…E o Vento Levou” foi impedida de sentar à mesa junto com os colegas de elenco brancos na premiação e foi acomodada em uma mesa escondida aos fundos do teatro. McDaniel foi a primeira mulher afro-americana a comparecer como convidada na cerimonia, em 1940, e mesmo após a sua morte teve o seu ultimo desejo negado: Ela gostaria que seu corpo fosse enterrado no cemitério de Hollywood Forever, o que não foi permitido porque o cemitério não sepultava corpos de pessoas negras. Foram necessários mais inacreditáveis 51 anos para que uma atriz negra subisse novamente ao palco do Oscar: Whoopi Goldberg, por “Ghost”, em 1991. E na categoria direcionada às protagonistas Halle Barry ainda hoje é a única atriz negra que recebeu o prêmio. 

    Esses números alarmantes culminaram na necessária campanha Oscar So White, em 2016, em que atores como o casal Will Smith e Jada Pinkett Smith e o diretor Spike Lee anunciaram publicamente que não compareceriam à premiação. A campanha vem surtido efeitos e os números de indicados e oportunidades vem aumentando em filmes importantes desde então. Em um discurso emocionado no Emmy Awards em 2015, ao vencer pela série “How to get away whith a murder” Viola Davis, disse: ‘A única coisa que separa mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade’. Uma fala absolutamente necessária e poderosa vinda de uma atriz de infância difícil e que levou anos para ser reconhecida pelo seu talento excepcional. 

    Em 1973, Marlon Brando se recusou a comparecer à premiação e ao ser anunciado como melhor ator pelo mitológico Don Corleone de “O Poderoso Chefão” quem subiu ao palco em seu nome foi a ativista indígena Sacheen Littlefeather, em uma forma de protesto pela falta de oportunidade e como os nativos norte-americanos eram retratados no cinema. Sacheen foi proibida de falar por mais de 45 segundos e o seu discurso foi cortado. 

    HATTIE MCDANIEL E VIVIEN LEIGH EM CENA DE E O VENTO LEVOU, DE 1939

    HATTIE MCDANIEL E VIVIEN LEIGH EM CENA DE E O VENTO LEVOU, DE 1939

    Time’s Up

    Mais recentemente os movimentos #MeToo e Time´s up ganharam destaque devido as acusações de abuso sexual por parte de diversas profissionais que atuam no setor, especialmente direcionadas a um dos fundadores da Miramax, Harvey Weinstein, culpado e sentenciado a 25 anos de prisão pelos crimes. Em 2018 todas as atrizes usaram preto no Globo de Ouro em protesto e solidariedade às vítimas. 

    Outra discussão relevante levantada foi sobre a falta de representatividade feminina na categoria de direção. Até hoje se considerarmos 465 indicações totais, 93 edições do prêmio x cinco indicados por ano, temos apenas um irrisório total de sete mulheres indicadas na categoria de melhor direção no Oscar. 

    Vale recordar do tapa com luva de pelica de Natalie Portman anunciando os indicados ‘todos homens’ ao prêmio de melhor diretor no Globo de Ouro de 2018 ou no sutil protesto feminista em sua capa Christian Dior usada no Oscar contendo o nome bordado em dourado de todas as diretoras esnobadas. 

    Através de manifestações como a de Portman, Hollywood vem buscando reparar certas falhas históricas. A sementinha dessa luta talvez tenha sido plantada pela lendária e transgressora Katharine Hepburn, a recordista da premiação com quatro estatuetas e que nunca compareceu ao evento para recebê-las (Ao contrário do se imagina, Meryl Streep é a recordista em indicações, não de prêmios).  

    Hepburn foi uma das percursoras do movimento feminista em Hollywood com seu estilo considerado andrógino para o período e usando calças quando esse item ainda era improvável no guarda-roupa feminino. Pode parecer uma discussão de outro século, mas em 2019 Julia Roberts foi o centro dos comentários do red carpet ao substituir o tradicional vestido longo por calças compridas no look de Stella McCartney. 

    Esperamos que o próximo passo dessa evolução nas oportunidades e indicações também inclua profissionais transexuais e transgêneros; basta os produtores de elenco assistirem meio episódio de “Pose” para entender que o elenco maravilhoso da série vai muito além do Billy Porter

    NATALIE PORTMAN E TIMOTHÉE CHALAMET APRESENTANDO A CATEGORIA DE MELHOR ROTEIRO ADAPTADO EM 2020

    NATALIE PORTMAN E TIMOTHÉE CHALAMET APRESENTANDO A CATEGORIA DE MELHOR ROTEIRO ADAPTADO EM 2020

    Gafes Esnobadas

    Mesmo em anos trágicos como o que vivemos o Oscar jamais deixou de acontecer e ser entregue, como durante as inundações causadas pelas tempestades de proporções apocalípticas na cidade de Los Angeles em 1938 ou na Segunda Guerra Mundial, ano em que a estatueta foi feita de gesso devida a escassez de matéria prima na América. Mais importante que o banho de ouro 14 quilates da cobiçada estatueta de 34,5cm é o seu valor inestimável para os profissionais que o recebem. Mesmo recheado de gafes, injustiças e esnobadas históricas de alguns nomes superlativos da sétima arte como Hitchcock, Kubrick e Charles Chaplin a magia que envolve o Oscar é realmente única. 

    Seja no erro gravíssimo como no ano em que “La La Land” foi anunciado como o melhor filme por engano no lugar de “Moonlight”, mas só se deram conta quando toda a equipe do primeiro já estava vibrando em cima do palco e prestes a discursar, na vídeo-cassetada chic de Jennifer Lawrence levando um tombo na hora de subir ao palco, nos ‘gols na trave’ recorrentes ano após ano de Leonardo DiCaprio que se tornaram meme ou no momento fofo em que Ennio Morricone recebeu finalmente um prêmio pela trilha sonora em “Os Oito Odiados” após anos de contribuições inestimáveis para o cinema e lendo em italiano uma colinha de carregava no bolso.  A noite de premiação é sempre um evento divertido. 

    Há também quem ainda não tenha superado que em 1999 Fernanda Montenegro perdeu como melhor atriz para a atuação insossa de Gwyneth Paltrow em “Shakespeare Apaixonado”. A verdade é que apenas a indicação entre as cinco maiores atrizes naquele ano foi um feito inédito para uma brasileira e por esse motivo Fernandona já venceu. 

    A CONFUSÃO HISTÓRICA DO QUASE-OSCAR PARA A EQUIPE DE LA LA LAND

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