Por Luiz Henrique Costa
Quando a gente se lembra de colocar o fermento no bolo quando a massa já esta no forno é bem provável que a coisa não dê certo. O bolo não cresce, aquele cafezinho do meio tarde fica na vontade. É mais ou menos o que aconteceu com A Mulher na Janela , a adaptação para o cinema do livro homônimo de enorme sucesso de A.J Finn, pseudônimo do autor Dan Mallory, que vendeu milhares de cópias e arrancou elogios de ninguém menos que Stephen King.
Acontece que a versão cinematográfica assinada pelo diretor Joe Wright, de Orgulho e Preconceito, que, portanto já adaptou sucessos literários para o cinema, sofreu uma enorme rejeição na sessão de teste que inicialmente seria lançada em 2019. A massa não rolou e então foi retirada do forno e os ingredientes acrescentados de refilmagem e re-edição prejudicam muito o ritmo de A Mulher na Janela.
No filme a personagem principal Anna Fox, vivida por Amy Adams, sofre de ‘agorafobia’, que é um transtorno de ansiedade de pessoas com medo de lugares e situações que possam causar pânico e impotência. No caso da personagem ela não sai de casa e acompanha a vizinhança através da janela. As referências ao estilo Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock não são mera coincidência, portanto.
Há quem embarque no filme e se envolva na mente complexa da protagonista – o que é delírio, excesso de vinho ou realidade? – e as interpretações de Julianne Moore (Jane Russell), Gary Oldman (Alistair Russell) e claro, Amy Adams, são muito convincentes. O diretor de fotografia, Bruno Delbonnel, responsável por trabalhos como O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, tem uma assinatura marcante e aqui ele se esbalda nas referências e homenagens a Hitchcock.
O filme é distribuído pela Netflix e pode interessar especialmente aos curiosos por personagens com perfis psicológicos pouco óbvios na mesma proporção que também pode desagradar aos entusiastas do livro.
Se você se envolver pelos vinte primeiro minutos do longa, jogue um pouco de canela em cima do bolo e divirta-se.