Por Luiz Henrique Costa
Em uma noite de 1996, sozinha em casa e em uma noite aparentemente tranquila, a personagem de Drew Barrymore estourava pipoca enquanto se preparava para uma sessão cinema no sofá. Ela não imaginava que estava sendo observada por um serial killer, o que só descobre quando o telefone toca e se vê encurralada em uma espécie de teste macabro sobre os seus conhecimentos de filmes de terror.
O preço a se pagar por um erro seria a própria vida.
O que deixa de ser spoiler mais de vinte anos depois é que Drew não passou no teste. A personagem que parecia ser a mocinha do filme – a que sempre sobrevive mesmo tomando as decisões menos lógicas – era morta logo na primeira cena de Pânico. A partir dali uma série de assassinatos assombrava os estudantes da cidade de Woodsbore. Mas o assassino mascarado, conhecido como Ghostface, tinha um alvo específico em mente: Sidney, vivida por Neve Campbell, uma jovem atriz canadense ainda pouco conhecida na época.
O que tornava Pânico um filme cult que revolucionaria o estilo slasher, que andava repetitivo, desinteressante e em franca decadência, era além da excelente sequência inicial, os diálogos criativos que satirizavam o próprio estilo, expondo todos os clichês de filmes do gênero com personagens sempre com atitudes equivocadas. Ora assustador, ora engraçado, nascia graças ao talento de Wes Craven (1939-2015) e do roteirista Kevin Williamson, um dos melhores filmes da década de 90 e que renderia quatro sequências se não igualmente inovadoras, muito interessantes.
Embora funcione como um quinto filme da franquia, os idealizadores do novo ‘Pânico’ decidiram limitar o nome do filme ao título original. O título oficialmente, portanto não é Pânico 5.
A boa surpresa é que fãs do gênero e do filme não irão se desapontar com essa nova sequência. Temos aqui reunidos um time de novos atores muito promissores, como Jenna Ortega e Dylan Minnette, e parte do elenco original – os que sobreviveram, é claro: Neve, Courteney Cox e David Arquette.
Quem assina o filme é a dupla de diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, que demonstram enorme respeito pela obra deixada por Wes Craven acrescentando pitadas de humor ácido e moderno, easter eggs auto-homenageando/ironizando o próprio filme e o estilo de um modo geral, uma vasta lista de suspeitos, sem deixar de lado as cenas sangrentas e de horror que se espera de um filme dessa natureza.
A inspiração nos crimes brutais cometidos pelo serial killer Daniel Harold Rolling, condenado a morte nos EUA em 2006 seguem presentes e a sinopse se assemelha em muitos aspectos ao crime original, como o fato de Daniel usar uma espécie de máscara e vestir preto durante os assassinatos. Também seguem presentes homenagens a clássicos como do filme Halloween de 1978.
Para assistir com direito a gritos de susto na mesma proporção de alívios cômicos que fazem de Pânico um filme irresistível.