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    Por que And Just Like That é uma ótima adaptação de Sex and The City?

    Quando se fala em reboots, a chance de se estragar um bom produto midiático é alta, mas no caso de And Just Like That, o saldo é positivo.

    Por que And Just Like That é uma ótima adaptação de Sex and The City?

    Quando se fala em reboots, a chance de se estragar um bom produto midiático é alta, mas no caso de And Just Like That, o saldo é positivo.

    POR Luxas Assunção

    Quando o reboot de Sex and The City, intitulado And Just Like That – frase icônica da personagem principal, Carrie Bradshaw – foi anunciado, a internet foi tomada de sentimentos mistos. Em uma parte, fãs saudosos para rever a vida de suas personagens favoritas alguns anos depois, outros, com medo da produção estragar o que já era bom e uma outra parcela ainda, preocupada em como a série iria lidar com seus aspectos problemáticos do passado. 

    as problemáticas da produção original

    Não é novidade para ninguém que a série original tem lá seus pontos problemáticos. Criada em 1998 indo ao ar até 2004, a serie seguia a vida de quatro mulheres brancas em Manhattan. Por isso, não é surpreendente que as discussões sociais não fujam muito do feminismo branco do alto dos privilégios das quatro protagonistas. Poucos personagens racializados apareciam na produção original – e não havia discussão racial – e os personagens LGBTQIA+, eram tratados de forma bem caricata, seja como Stanford Blatch, o melhor-amigo-gay de Carrie, Anthony Marantino, o planejador-de-casamentos-bridezilla de Charlotte, ou as travestis que se prostituem à frente do apartamento de Samantha e eventualmente as convidam para uma festa no terraço. 

    Por mais que já existissem produções audiovisuais icônicas e muito importantes na época, como Paris Is Burning e Queer As Folk, não se esperava que uma série mainstream da época tratasse de pautas raciais ou sociais. Hoje, o quadro já é bem diferente. Portanto, é compreensível que boa parte dos fãs da série se preocuparam em como o reboot se adaptaria às necessidades e demandas dos dias de hoje. E And Just Like That fez um ótimo trabalho nisso.

    Uma das maiores problemáticas era a ausência de representatividade e diversidade em personagens com tramas realmente relevantes. Com três protagonistas – desde a saída de Samantha – tão marcantes e icônicas, seria difícil ou forçado incluir uma nova personagem principal. Mas a série cerca as personagens principais com personagens racializados, seja a colega de conselho de pais de Charlotte, a nova professora da pós-graduação de Miranda ou a corretora e recém-tornada-amiga de Carrie. Che, companheira de podcast de Carrie também é uma personagem não-binária e é possível ver uma mudança na forma como é retratado Anthony Marantino, ainda que continue com sua personalidade caricata. Stanford Blatch, no entanto, aparece apenas nos primeiros episódios, até se divorciar de Marantino e ir para o Japão, em virtude do falecimento do ator durante as gravações. 

    Charlotte e Lisa Todd-Waxley | And Just Like That, Reprodução

    Charlotte e Lisa Todd-Waxley | And Just Like That, Reprodução

    Em primeiro lugar, o importante aqui é que essas novas personagens, que suprem a demanda dos tempos atuais de mais representatividade, tem histórias envolventes, relevantes e próprias, desempenhando papeis importantes, ainda que o foco, obviamente, permaneça sobre as três protagonistas. Mais importante ainda, é que, bem como a Sex And The City tinha suas problemáticas nos anos 90, And Just Like That compreende que as personagens são frutos desse ambiente e as mostra como falhas, não-esclarecidas e ainda bitoladas em alguns sentidos. 

    “VOCÊ NÃO É PROGRESSISTA O BASTANTE PRA ISSO!”

    Ao organizar um jantar com sua nova amiga Lisa, do conselho de pais, que é negra, Charlotte é confrontada com o fato de não ter outros casais amigos que sejam negros. Busca desesperadamente por outros convidados em uma função de aliada-equivocada e acaba, inevitavelmente, revelando para Lisa a falta de diversidade racial em seu círculo de amizades. Ela também tem outro confronto: o de lidar com seu filho Rock (Rose, na série original) que navega a transgeneridade na serie; como uma mãe amorosa que conhecemos desde a produção original, eventualmente Charlotte consegue lidar bem com a questão, inclusive contratando uma Rabina Trans para o Bar-Mitzvá de Rock, mas a transexualidade de Rock não existe sem seus solavancos por parte da mãe. 

    Rock | And Just Like That

    Rock | And Just Like That

    Por sua vez, Miranda, que era o símbolo de um progressismo e de um feminismo – essencial branco e liberal – é confrontada com a realidade de que talvez não seja “progressista o bastante para isso”. Tanto ao começar com o pé esquerdo suas aulas de pós-graduação, ao confundir sua professora, negra, Dra Nya Wallace, com uma das alunas e ter uma série de falas equivocadas sobre pautas raciais, até se tornar próxima de Dra. Nya Wallace e se encontrarem em suas diferenças e similaridades – sem deixar de lado as discussões importantes dessa relação. Miranda também precisa lidar com o fato de que seu casamento está indo por água abaixo e com uma recém-descoberta fluidez de sexualidade, com um romance com Che, colega de podcast de Carrie, que é não-binário. 

    Che e Miranda | And Just Like That, Reprodução

    Che e Miranda | And Just Like That, Reprodução

    Enquanto isso não significa que Miranda seja bissexual ou sáfica – afinal, Che é não binário – representa um desabrochar de uma sexualidade queer, ou mais fluida da personagem, algo que, de alguma forma, sempre pareceu estar no ar, com Miranda. Ela, que também sempre foi um compasso moral do grupo, até arrogante em alguns momentos, precisa lidar com as suas traições e adultérios com Che e resolver sua relação com Steve, para adentrar em uma nova relação com o personagem. 

    Por último, mas obviamente não menos importante: Carrie Bradshaw. Nos primeiros episódios, ao ser convidada para o podcast, Carrie se depara com o fato de que, mesmo sendo uma escritora de sexo desde os anos 90, talvez ela não seja tão liberal ou desconstruída quando achava, ao lidar com a libertação sexual de seus dois colegas de podcast. Carrie lida com o fim de seu conto de fadas, com a morte de Big e a voltar a se relacionar com pessoas em Manhattan, o mesmo plot que ela passou por seis temporadas, mas agora, com 20 anos a mais. No meio deste caminho, ela também se torna amiga de sua corretora de imóveis, a graciosa Seema Patel. Com similaridades ímpares à personagem de Samantha – que faz falta no elenco – Seema navega pelos homens de Manhattan, mas ainda busca o amor de sua vida. A personagem, indiana, também precisa confrontar Carrie sobre alguns de seus comentários etaristas e seu egocentrismo em um dos episódios. 

    Carrie e Seema | And Just Like That, Reprodução

    Carrie e Seema | And Just Like That, Reprodução

    CARRIE, CHARLOTTE E MIRANDA SÃO CONFRONTADAS COM UM NOVO MUNDO

    O mais interessante de And Just Like That são justamente estes confrontos. A serie não deixa de expressar como Carrie, Charlotte e Miranda têm suas dificuldades e conflitos ao lidar com as novas gerações, as novas pautas sociais e o fato de que não são tão desconstruídas assim. Surpreendentemente, Charlotte, que na verdade, sempre foi bastante conservadora, é a que tem mais consciência de seu lugar e lida melhor com as situações adversas. 

    Esses conflitos sociais também dizem mais da trajetória das personagens. Charlotte, a mais tradicional e conservadora, que sempre sonhou com a família tradicional americana e seu white-picket-fence, precisa lidar com a quebra de expectativas que, com um filho trans, talvez sua família não seja tão tradicional assim, mas ainda é a realização de seu sonho. Miranda, que sempre foi um compasso moral do certo e errado, de forma quase arrogante, e quase cética ao amor, aprende em alguns momentos, ela também está antiquada e sujeita ao erro e se envolve em uma relação essencialmente emocional. Já Carrie, tem que lidar com seu egocentrismo exacerbado, ao perceber que nem tudo é sobre ela. 

    Vale dizer: a franquia Sex And The City, por mais que tenha sido importante para a libertação sexual das mulheres nos anos 90 e 2000, não é uma série que se propõe a ser progressista ou inovadora em pautas sociais além dessas. Existem séries aclamadas que fazem um trabalho muito superior a And Just Like That nesse sentido e parte dos personagens ainda deixam a desejar quanto à profundidade. Mas é interessante ver como o reboot faz um ótimo trabalho de adaptar as tramas de Carrie, Charlotte e Miranda para a atualidade. 

    Ah! E se você está assistindo And Just Like That em busca de momentos de moda, fica o destaque para o último episódio, com um marcante momento de Carrie Bradshaw à bordo de um vestido Valentino de alta costura da coleção de verão 19, em Paris.

    Carrie Bradshaw de Valentino Couture, em Paris | And Just Like That, Reprodução

    Carrie Bradshaw de Valentino Couture, em Paris | And Just Like That, Reprodução

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