O Coachella é conhecido por seu line-up gigante, que reúne de novas sensações a estrelas mega blasters. Nesta edição, que começou na semana passada, shows de Lady Gaga, Kendrick Lamar, Radiohead e Lorde atraíram um público ainda maior do que no ano passado, quando foram vendidos 198 mil ingressos, gerando US$ 94 milhões ao Coachella.
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Quase tão comentados quanto os shows foram as instalações que estão ocupando o espaço. Essas obras arquitetônicas começaram a aparecer no festival em 2009 e vem tomando um espaço cada vez maior, não apenas físico, mas na preferência do público que fez delas seus pontos de encontro, descanso e fotos. São os cartões postais do Coachella.
Neste ano, quatro grandes instalações estão espalhadas pela área e uma delas, a mais falada e fotografada, é de um artista brasileiro. Gustavo Prado é o escultor por trás da “The Lamp Beside the Golden Door”, uma torre feita de milhares de pequenos espelhos em ângulos concomitantes, mas separados, que reflete não apenas a pessoa que olha, mas todos e tudo em volta.
“Você é levado a abordar a peça por uma razão muito egoísta e individualista – para ver o que ela faz na sua própria reflexão, e o que você obtém é esta coleção de partes de vários corpos”, diz Gustavo ao site do Coachella. “As mudanças produzidas pelos espelhos não se limitam a um espaço geométrico, fechado e um corpo que anda nele. Abrange as mudanças na luz durante o dia, uma paisagem muito maior, e todas as suas qualidades. Mas, mais importante, um grupo de espectadores que agora se sobrepõem uns aos outros à medida que se aproximam”. O título The Lamp Beside the Golden Door vem de uma frase do poema The New Colossus, de Emma Lazarus, que está esculpido na Estátua da Liberdade:
“Send these, the homeless, tempest-tost to me,
I lift my lamp beside the golden door!”
Vendo as fotos que ilustram essa matéria, não é difícil imaginar que a obra virou o ponto de encontro para fazer selfies e fotos com os amigos. Dê uma busca no Instagram para ver centenas de posts em diversas línguas, sejam selfies ou imagens gerais da instalação em diversas luzes, do amanhecer ao anoitecer. The Lamp Beside the Golden Door é sim uma visão impactante e muito sedutora, por seu efeito visual, claro, mas também por sua engenharia e técnica.
Gustavo nasceu em São Paulo em 1981 e estudou filosofia e design industrial antes de entrar na Escola de Artes Visuais no Parque Lage, no Rio. Já expôs na mostra Rumos, do Itaú Cultural, no MAM e Paço Imperial no Rio, e no Le Carreau du Temple, em Paris, durante o ano do Brasil na França. Seu trabalho abrange escultura, desenho, fotografia, vídeo e performance que exploram os aspectos múltiplos do espaço, mas são suas instalações de estruturas de metal, luzes e espelhos que têm chamado atenção, inserindo o artista em posições de destaque. Morador do Brooklyn, está há seis anos nos EUA, e é representado no Brasil pela galeria Lurixs. Gustavo também é cofundador da revista Jacarandá.