O filme que todo mundo está falando agora é “La La Land”, de Damien Chezelle, mesmo diretor de Whiplash.
Com Emma Stone e Ryan Gosling fazendo par romântico pela terceira vez no cinema, o filme tem abocanhado prêmios e indicações em diversas premiações. É um dos filmes com mais indicações ao Globo de Ouro, concorrendo em seis categorias, e também favorito ao Oscar.
La La Land estreou no Festival de Veneza em agosto, entra em cartaz nos EUA dia 16 de dezembro e estreia no Brasil em 12 de janeiro.
Um dos pontos mais comentados do filme é seu visual com referências a Era de Ouro de Hollywood e ao período Technicolor, com suas cores saturadas usadas em filmes como “O Mágico de Oz” e “O Vento Levou”, além de filmes clássicos dos anos 40 aos 60. Para a magia fazer efeito, a equipe trabalhou meticulosamente cena por cena para definir onde entraria cor, qual e como.
Parte do sucesso dessa alquimia cromática deve-se também ao figurino criado por Mary Zophres, que também vestiu Ryan e Emma em “Gangster Squad” e está por trás dos figurinos de “No Country for Old Men”, “Interstellar”e “O Brother, Where Art Thou?”. “Esperamos que o uso das cores evoque alguma emoção que fique no consciente ou no subconsciente do espectador”, diz Zophres.
AS REFERÊNCIAS
O trabalho que Mary faz antes da filmagem começar é muito interessante. O diretor Damien Chezelle fez uma montagem de filmes e musicais românticos para colocar a equipe no clima, reunindo desde filmes dos anos 50, como “Singin’ in the Rain”, a “Romeu e Julieta” de Baz Lhurmann e “Boogie Nights”.
Ela foi então a uma locadora em Los Angeles e alugou todos os filmes. Depois mergulhou em seus livros de atrizes de outras épocas e de fotografia moderna, olhando “tudo o que tivesse uma imagem interessante que poderia render para uma cena”. E então, sua equipe passou três dias com o diretor e o cenógrafo, trocando ideias e indo página por página do roteiro. “Aí se formou a linguagem do filme”, diz.
Outros filmes importantes como referências vêm da Nouvelle Vague: “The Umbrellas of Cherbourg” e “The Young Girls of Rochefort”.
O GUARDA ROUPA DE MIA
Para compor o visual clássico e retrô de Mia, Zophres olhou para edições contemporâneas da “Vogue” e para atrizes que inspiraram a personagem, como Julie Christie, Ingrid Bergman, Grace Kelly e Katharine Hepburn. “Queria inserir o filme nesse momento e lugar do cinema sem ficar com uma imagem trendy”.
Em uma das cenas, há uma referência clara à “Cinderela em Paris” (1957): Mia passeia por cenários incríveis com uma calça preta inspirada na que Audrey Hepburn usou em sua dança no filme, com o comprimento um pouco acima do tornozelo.
A ideia do vestido esmeralda usado em seu primeiro encontro com Sebastian v em um look de Judy Garland no clássico “Nasce uma Estrela” (1954).
Agora, o vestido mais comentado é o amarelo que ela veste na cena em que ela dança com Sebastian com vista para a cidade de Los Angeles. E diferentemente dos outros looks, a inspiração para este modelo veio de um vestido do Atelier Versace que Emma Stone usou no tapete vermelho. O protótipo da peça para o filme foi encontrado na área de poliéster da loja popular Jo-Ann Fabrics. Para dar o toque final, um profissional para pintar à mão florais inspirados nas pinturas de Matisse. O look é tão importante para o filme que tem até uma lingerie combinando por baixo.
Para as roupas do dia a dia usadas por Mia, a figurinista reuniu peças de lojas vintage, como a Playclothes, e até da H&M. O único vestido de marca é um Jason Wu, que ela usa ao final do filme. “É parecido com um que vi Catherine Deneuve usando em uma foto que está no meu mural. Achei ele em uma pesquisa na Saks Fifth Avenue e pareceu certo comprar, já que nessa altura Mia está em outro momento da vida”. O vestido branco do final é o seu favorito, bem ao estilo Fred Astaire e Ginger Rogers.
O GUARDA-ROUPA DE SEBASTIAN
Para compor o personagem de Ryan Gosling, Mary olhou para estrelas de cinema e do jazz de tempos passados, como Fred Astaire, Gene Kelly e Marlon Brando. “Sebastian tem essa coisa com o passado, então ele nunca usaria uma camiseta apenas. Há uma formalidade nele”, explica. Ela também pesquisou em cima dos pianistas Bill Evans, Hoagy Carmichael e do ator James Dean.
“Primeiro pensamos em vesti-lo como um compositor, mas não ficou romântico o suficiente. Queria que as mulheres chorassem por Ryan e os homens tivessem sentimentos românticos por Emma”.
Ela então criou uma coleção cápsula composta por cinco camisas, duas calças e três casacos esportivos. Para um número de dança, ele usa uma calça com um pouco de stretch na lã. “A gente não queria que a roupa dele estourasse no meio da filmagem”, brinca Mary.
A gravata que ele usa, que poderia ser apenas um detalhe de figurino, foi uma peça bem pensada e feita para ser nem tão fina, nem tão larga. Zophres a encontrou em uma loja de aluguel, na seção da década de 50.