Sasha Lane. A menina que já tem nome de estrela, é o destaque no cinema deste fim de ano. Protagonista de “American Honey”, road movie de Andrea Arnold que ganhou o Prêmio do Juri em Cannes, Sasha foi descoberta por acaso enquanto tomava sol em Panamá City Beach, na Flórida, durante suas férias. Sua entrada no cinema é uma daquelas grandes coincidências que tantas outras jovens apenas sonham.
Sasha, 21, é do Texas e trabalhava como garçonete. Andrea estava fazendo uma viagem de carro da Califórnia para a Flórida quando descobriu que a atriz contratada para viver a personagem Star havia saído do projeto. Eis que ela avista Sasha, com seus dreads e tatuagens na praia, e passa um tempo apenas observando antes de chegar, se apresentar e a convidar para um teste na mesma hora. “No dia seguinte, joguei minha mala no carro de Andrea e tudo começou”, diz. Além de Shia LaBeouf e Riley Keough, que também estão no filme, o resto do casting foi achado na rua.
“American Honey” conta a história de Star, adolescente que vive em uma casa problemática: ela cuida dos dois irmãos, tem uma mãe ausente e sofre abuso do padrasto. Ela foge de casa e pega carona com um grupo que viaja vendendo assinatura de revistas, batendo de porta em porta. Star então conhece um novo estilo de vida, que inclui festas, bagunça e a descoberta do amor com Jake, interpretado por Shia LaBeouf. Sua atuação foi chamada por críticos de belamente crua e magnética e rendeu a ela indicação como Melhor Atriz no British Independent Film Awards e no Independent Spirit Awards, ao lado de Natalie Portman e Isabelle Huppert.
“Vejo muito de mim em Star”, ela diz ao The Guardian. “Venho de um lugar onde nunca tive muitas oportunidades, então quando conheci Andrea, não tive nada a perder. Ela me fez sentir capaz”. A busca por liberdade e aventura e uma infância difícil e solitária unem a atriz e a personagem.
Os pais separaram-se quando ela era pequena, seu irmão foi viver com o pai enquanto Sasha ficou mudando de casa com a mãe até que pararam em Frisco, uma cidade conservadora ao redor de Dallas. “Não me sentia parte de nada lá. Meu visual não era igual ao de ninguém, eu não me importava com as coisas com eles se importavam, todos se vestem igual, fazem as mesmas coisas. Todo mundo em Frisco está preso em uma mesma mentalidade”, diz.
Assim como Star, Sasha parece uma menina insegura e com baixa estima, para quem um novo mundo se abriu. “Ninguém espera que uma menina do Texas que se pareça comigo vá alcançar alguma coisa na vida. Sorte não significa nada pra mim. Eu sou uma pessoa ansiosa e desconfortável”. Ela se lembra de ter sido chamada de abominação quando era criança. As 17 tatuagens que tem foram sua primeira chance de se expressar, que ela diz ser o equivalente aos posters que nunca teve na parede de seu quarto.
Após ser exibido em Cannes e recentemente estreado nos EUA e Europa, tanto Sasha quanto o filme estão no radar das pessoas mundo afora. Ela já está trabalhando em outros dois longas e está cotada para um terceiro.
O mundo da moda, sedento e necessitado de novos rostos, já descobriu Sasha, que foi convidada para a primeira fila do desfile da Dior, foi vestida pela Louis Vuitton em Cannes, apareceu na capa das revistas Dazed e Wonderland e ganhou perfis elogiosos em jornais e revistas. Se era uma nova vida que Sasha buscava, a sorte que ela nunca imaginou ter, finalmente bateu a sua porta. Bateu não, escancarou.
O filme estreia em 2017 no Brasil.