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    Da moda ao cinema, conversamos com Dudu Bertholini sobre seus muitos novos projetos
    Da moda ao cinema, conversamos com Dudu Bertholini sobre seus muitos novos projetos
    POR Redação

    Quase cinco anos depois de fechar as portas do ateliê da Neon, Dudu Bertholini anda mais ocupado do que nunca. Só nessa última semana, lançou uma linha de artigos de papelaria em parceria com a Dac, deu uma palestra na Fenearte – Feira Nacional de Negócios do Artesanato, em Pernambuco e, de quebra, gravou uma participação em Pega Pega, novela das 7 da Rede Globo. Em poucos dias, embarca para o Uruguai onde, como figurinista, vai vestir Andrea Beltrão, Marina Lima e todo o elenco de Baleia (Verlust), novo longa do diretor Esmir Filho. Figurino, aliás, é uma das coisas que mais tem tomado o seu tempo desde que se encarregou do guarda-roupa da novela Verdades Secretas, em 2015. É ele quem cria os looks que Fernanda Lima exibe em Amor e Sexo, programa no qual tem também lugar cativo na bancada de jurados. Além de tudo isso, você deve saber, Dudu apresenta o documental Nós, os Fashionistas, no Fashion TV e trabalha um tanto como stylist de editoriais e campanhas. Mas quem melhor do que ele para contar sobre seus projetos?

    Você parece estar cheio de novidades e projetos diferentes, queremos ficar a par deles.

    É verdade. Olha, o mundo mudou muito e muito rápido. Eu costumo falar que a gente vive numa era de profissionais multidisciplinares. Já não é muito sobre o que você faz exatamente, mas sim sobre a sua essência e tudo o que você pode fazer com ela. Se você perguntar o que eu faço hoje, já não sei mais dizer… Eu não posso dizer que eu sou só um estilista ou stylist. Estilista, stylist, apresentador, palestrante, curador, figurinista… Eu faço de um tudo! Desde o final da Neon, com a retomada da minha carreira individual, eu sinto que nunca estive tão próximo da minha essência e que ela nunca foi tão plural como é agora.

    Foi difícil fazer essa transição logo que a Neon fechou?

    Teve um lado difícil, sim. Encerrar um negócio é sempre difícil. Ainda mais no Brasil, com esse cenário tão economicamente incerto. A gente viu muitos estilistas da minha geração obrigados a fechar um negócio próprio ou a encontrar novos modelos de negócio. Isso é sempre muito duro. Por outro lado, esse é o momento que favorece a transformação, que faz a gente a abrir novos horizontes. Já vai fazer cinco anos que a gente fechou as portas do ateliê e é isso que penso. Eu nunca deixei de fazer outras coisas – styling e outros projetos. Então, acho que, na verdade, passei a me dedicar integralmente a eles, o que deu muito resultado. Nesse sentido foi muito legal esse processo de transição. Nunca trabalhei tanto, nem quando tinha empresa. Mas também nunca estive tão feliz e tão conectado com a minha essência e com o que eu sei fazer.

    E o que você anda fazendo?

    Semana que vem começo a rodar um longa-metragem em que assino o figurino. É o novo trabalho do Esmir Filho e tem a Andrea Beltrão e a Marina Lima como protagonistas – a Marina também assina a trilha. É um filme lindo, estou super animado! Fiz alguns outros figurinos para cinema também. Um filme dirigido pelo Rafael Primot, que é ator da Globo e um autor excelente. Chama Todo Clichê do Amor, com a Debora Falabella, a Marjorie Estiano, a Maria Luisa Mendonça e minha cunhada Clarissa Kiste. Deve estrear ainda neste ano. E também Rio Santos, o primeiro longa do Klaus Mitteldorf como diretor, com a Bruna Marquezine no elenco.

    Como você aborda figurino de cinema?

    Fazer dramaturgia é diferente de fazer moda e esse foi um aprendizado que eu tive nos últimos anos, não só com os longas, mas com o trabalho na TV. A maior diferença é que na moda, o look é que conta a história. Na dramaturgia, não. A roupa e a história dela não podem se sobrepor ao personagem – a não ser quando é uma dramaturgia mais estética e existe uma escolha muito consciente de fazer o oposto. Você parte de um roteiro para construir sua ideia. E se a moda é um resultado coletivo, a dramaturgia é mais ainda! É uma equipe que envolve, na maioria das vezes, centenas de profissionais, há um senso coletivo muito grande. Achar que você vai sobrepor a sua assinatura a tudo é um erro, você tem que ter uma consciência desse resultado coletivo ainda maior do que nos trabalhos de moda.

    Marjorie Estiano no longa Todo Clichê de Amor, com figurino de Dudu ©Cortesia

    Marjorie Estiano no longa Todo Clichê do Amor, com figurino de Dudu ©Cortesia

    De uma maneira diferente, criar o figurino de Amor e Sexo também deve ser bem interessante.

    Olha, de todas as minhas experiências com figurino nenhuma foi uma aventura mais incrível e completa do no Amor e Sexo! Eu trabalho com uma equipe muito envolvida, muito parceira. E, além de assinar o figurino do programa todo – da Fernanda [Lima], do balé, dos jurados -, eu também faço uma consultoria de conteúdo. E é uma grande aventura. Nesse último ano, fiquei 6 meses morando no Rio, em Ipanema. Vida de carioca – ia de manhã dar um mergulho no mar, depois um suco… foi ótimo. E eu mergulho intensamente assim. São longas jornadas de Projac todos os dias. Nessa última temporada, eu assinei o figurino com a Flavia Costa, que é uma figurinista da casa maravilhosa. E é muito legal fazer o programa por dois motivos: primeiro porque te dá uma liberdade estética fantástica, para fazer roupas lindas, e trabalhar com parceiros incríveis; e segundo, porque é entretenimento com conteúdo. O programa usa espaço na TV aberta pra falar de coisas que melhoram a vida das pessoas, que promovem mudança de mentalidade, quebra de preconceitos… Acho que tem muito valor.

    Fernanda Lima, em Amor e Sexo

    Fernanda Lima, em Amor e Sexo

    Houve algum figurino especialmente marcante?

    Todo são muito marcantes e eu me envolvo demais com cada um. Mas eu vou apontar o do penúltimo programa, da última temporada. O tema era “sacanagem” e a gente criou uma grande floresta tropical brasileira vintage no palco. Fiz um look de onça pintada para a Fernanda e ela virou mesmo uma Cheetara no palco. Aerografei as manchas roseta da onça pintada com um cara incrível da Globo, o Calisto, que fez também o body paint dos bailarinos que estariam no palco. E aí a Michelly Xis, que é minha grande parceira e uma profissional maravilhosa – a gente cria e ela executa e ela cria junto… Ela cravejou essa onça com milhares de cristais e ficou deslumbrante. Aí fiz umas bailarinas que eram “Carmen Mirandas” desconstruídas tropicais. Fiz uma parceria com a Alexia Rentsch, que é uma suíça radicada no Brasil, que está arrasando no carnaval de rua…. Ela faz uns maiôs cor da pele com aplicações fruta, coqueiro, estrela. Foi um tema muito exuberante, muito brasileiro e muito especial.

    Trabalhar na Rede Globo te tornou uma figura referência de moda para um grande público, o que é muito legal. O que você acha desse aspecto?

    Isso me interessa absolutamente, porque quando eu penso no meu propósito de trabalhar com moda, é para promover um bem-estar entre as pessoas e romper com padrões de beleza, para que a gente passe a se sentir feliz na nossa própria pele, indiferente de gênero, raça, cor credo, tipo de corpo. A mensagem não deve ser de uma moda que te obriga a seguir um padrão que você não consegue atingir ou a querer roupas que você não consegue consumir, mas sim de que dentro da sua realidade você seja a sua melhor versão de si mesmo. E isso está muito mais pautado em estilo e autoconhecimento do que em moda. Então, eu adoro a ideia de poder alcançar o grande público e falar na TV aberta porque assim, independente do que eu falar, a minha figura sempre vai promover uma ideia de liberdade individual, de quebrar padrões e se aceitar da maneira que é. Eu adoro poder trabalhar para o grande público. Inclusive, hoje em dia, a grande frente de trabalho meu são os licenciamentos, que venho fazendo desde o final da Neon. Eu desenho pra outras pessoas. Ao longo desses cinco anos eu fiz grandes licenciamentos e este ano estou lançando outros bem legais. Alguns são de grande alcance popular: para adolescentes, senhoras idosas… Acabei de lançar minha coleção nova de papelaria, com a Dac, que é uma das maiores empresas do setor. Fiz estampas exclusivas, ficou linda a coleção. E no final do ano lanço uma coleção grande com a UV Line, fazendo roupas de UV, com fator de proteção solar 50. Eu também fiz um licenciamento para a Yamamay, que tem 530 lojas na Itália, com estampas exclusivas.

    A coleção de papelaria criada por Dudu para a Dac ©Cortesia

    A coleção de papelaria criada por Dudu para a Dac ©Cortesia

    E você também está no ar na Fashion TV, como apresentador do programa Nós, os Fashionistas, entrevistando colegas de profissão e, de certa maneira, documentando a moda brasileira. Houve algo que te surpreendeu nesse processo?

    Foi muito legal fazer parte desse projeto e já há planos de rodar uma segunda temporada. Gravamos tudo no Rio, então, foi um mergulho no universo da moda carioca. E é interessante porque você encontra diferenças e semelhanças muito grandes na luta de todo mundo que faz moda no Brasil. Seja falando com o Fernando Cozendey, que faz uma moda praia super autoral e pequena, ou com a Lenny, que faz uma moda autoral em grande escala. Acho que todos compartilham de uma paixão, de uma extensão do próprio estilo e personalidade, e são todos guerreiros em sobreviver de moda no Brasil e no mundo contemporâneo. Além disso, fiquei muito grato em perceber que trabalho num meio com tanta gente legal e interessante, humana. Isso foi o que mais me surpreendeu nesse processo. Às vezes a gente perpetua alguns estigmas dentro do universo de moda: que a moda é feita de pessoas que dão alfinetadas, que passam a perna umas nas outras, que a moda é feita pra elite… Eu gosto de desmontar essa ideia. Tem gente que faz carão? Tem. Tem gente arrogante? Tem. Como tem em qualquer mercado. Mas a gente faz um trabalho que eleva a autoestima das pessoas, que reflete o mundo a nossa volta. Chega de dizer que é um trabalho em que se trata mal as pessoas, que a gente não vai poder se humano e generoso… Somos os primeiros a abraçar causas e diferenças.

    Com Lenny em Nós, Os Fashionistas ©Cortesia

    Com Lenny em Nós, Os Fashionistas ©Cortesia

    Qual dica você daria para quem deseja trabalhar com moda, mas ainda não encontrou sua vocação ou caminho dentro dela?

    Eu vou usar uma frase chavão que parece de agenda de colégio. Sabe, não existe caminho para a felicidade, a felicidade está no caminho. Não existe caminho para o estilo, o estilo está no caminho, você vai descobrindo. O importante é você se jogar e ter muita disposição e força de trabalho. Tudo o que está no campo das ideias é ótimo, mas só aquilo que você realiza, de fato, criando um repertório, um background, vai te impulsionar… Outra coisa que eu costumo dizer pra quem quer trabalhar com moda hoje em dia é que a gente vive um momento de estruturas líquidas. Você não precisa mais montar um escritório ou ter uma estrutura fixa grande. Se você tiver uma linguagem, por exemplo, você pode fazer uma campanha com o seu celular e ela vai fazer muito sucesso. Todo mundo mostra o seu trabalho numa grande rede que é a internet – por mais que seja competitivo, é também muito democrático. Quando comecei a fazer moda, pra alguém ver o seu trabalho, ele tinha que aparecer impresso numa revista. Você precisava que alguém apostasse demais no seu trabalho. Hoje, bem ou mal, você pode começar do seu quarto. Um blog, uma plataforma digital, fazer imagens… Sendo espontâneo e verdadeiro, você pode fazer o maior sucesso. Ser autêntico nunca valeu tanto.

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