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    Nômades digitais, os fundadores da agência We Are Alive trabalham enquanto viajam de motorhome
    Nômades digitais, os fundadores da agência We Are Alive trabalham enquanto viajam de motorhome
    POR Redação

    Por Luísa Graça

    Todo mundo já ouviu (ou repetiu) um papo de que a tecnologia está arruinando nossa capacidade de viver no presente, de ficar sozinho e de experimentar a vida plenamente porque passamos mais tempo nos relacionando via tela de um celular do que com situações reais e pessoas reais. Esse papo não seria clichê se não fosse verdade, mas tem gente invertendo essa história. É o caso do casal de fotógrafos brasileiros Marina Abadjieff e Pedro Beck, que têm tirado proveito da tecnologia para vivenciar experiências vívidas e reais. Os dois encabeçam a We Are Alive, agência itinerante de criação de conteúdo, e com ela embarcam em temporadas de longas viagens, vivendo num motorhome e explorando novos destinos e paisagens enquanto trabalham graças às (a-hem) facilidades do mundo conectado – sim, os e-mails, as redes sociais, wi-fi de cafés e lavanderias, HDs externos e cartões de memória. São os tais nômades digitais, que não precisam de endereço fixo e não dependem de localização geográfica para trabalhar.

    É um modelo de negócio autossustentável. No caso, Marina e Pedro põem o pé na estrada e durante as viagens fazem a própria renda, criando conteúdo fotográfico e audiovisual on the road para campanhas ou redes sociais dos seus clientes – marcas como Budweiser, Levi’s, Bulleit, Santa Lolla e Basico.com, entre outras. A leveza e liberdade de um estilo de vida como esse acabam impressas nas imagens que fazem, sempre muito cheias de vida e enquadradas num cenário incrível – do decadente ao absurdamente belo. “Nosso objetivo é criar imagens bonitas e levá-las de um lugar ao outro”, explica Marina, 29 anos, com um sorriso no rosto.

    ©Cortesia WAAA

    ©Cortesia WAAA

    A We Are Alive surgiu em 2014, depois de uma viagem que o casal fez aos Estados Unidos, cruzando o país de costa à costa num carro. Os dois parecem ter uma energia complementar – ela, tem algo de solar e vibrante; ele, sereno. Fotografando as paisagens para arquivo pessoal, Marina imaginou como seria fotografar modelos naqueles cenários. “A gente voltou e decidiu trabalhar juntos. A vontade de continuar a viajar existia, então, quisemos criar a agência para poder ter um trabalho em qualquer lugar que fosse”, conta ela. “A gente acredita em trabalho, não em emprego”, afirma Pedro, 30. “Com o avanço da tecnologia, as pessoas se importam cada vez menos com onde você está, desde que você faça bem o seu trabalho e o entregue em dia. A gente tem esse comprometimento com os nossos clientes”.

    A ideia inicial era fazer um mochilão, mas acabaram adotando uma cachorrinha, então, evoluíram o plano para uma viagem de motorhome. Entre 2015 e 2016, os dois rodaram mais de 40.000km pelos Estados Unidos e Canadá, fotografando e, obviamente, vivendo as aventuras da estrada. “Você aprende a aceitar melhor as coisas, a apreciar um pouco mais o momento. Você está muito vulnerável na estrada. Sabe aquela ideia de que você é insignificante perante o mundo e o tamanho das coisas? A gente vive muito isso”, ele diz. “Seja porque você está no seu carrinho e de repente cai uma nevasca ou uma chuva torrencial ou porque você tinha planos mas seu pneu furou às 5 da tarde do dia 24 de dezembro em Paris, Texas, e a seguradora não atende o telefone [risos]”.

    Sonho americano

    Que eventualidade. Um perrengue justo em Paris, cidadezinha no interior do Texas, que dá nome ao road movie de Wim Wenders – uma das inspirações do casal, veja só. Ela, mineira, e ele, carioca, são fãs dos filmes de Wenders e David Lynch (sim, eles visitaram as locações de Twin Peaks, no estado de Washington, e ouviram a trilha do Angelo Badalamenti no caminho) e também do escritor David Foster Wallace. Coincidentemente três autores que mapeiam diferentes aspectos da cultura dos EUA e, em se tratando dos cineastas, as paisagens do país – bastante horizontais e, com isso, claro, poéticas. Indiretamente (ou inconscientemente), o trabalho do casal se relaciona com esses universos estéticos e com uma ideia despedaçada e ressignificada do sonho americano.

    Shooting com a modelo Anni Haase, na Califórnia ©WAAA

    Shooting com a modelo Anni Haase, na Califórnia ©Cortesia WAAA

    “Gostamos dessa decadência de cidades largadas no meio do deserto, dos postos de gasolina ou lanchonetes que um dia já foram algo muito legal”, diz ela, acrescentando ainda que séries de TV e amigos e pessoas que eles conhecem pelo caminho também os inspiram. “E também gostamos das paisagens lindas que encontramos em parques nacionais, cidades grandes ou pequenas e, naturalmente, na estrada”, ele completa.

    Acima de tudo, a escolha de ir para os EUA teve a ver com questões bastante práticas. “É um país muito funcional e existe uma cultura forte de RV (recreational vehicle). Você pode estacionar e dormir em parques especiais para RVs e trailers, parques governamentais e nacionais ou até no estacionamento do Wal-Mart”, explica o fotógrafo, que era diretor criativo do Bar Secreto antes da empreitada.

    Alive and kicking

    Depois de uma temporada em São Paulo, é novamente nos Estados Unidos que Pedro, Marina e seus cachorros, Sofia e Anthony, dão início a uma nova jornada. Eles embarcam hoje mesmo na terceira temporada da We Are Alive na estrada, rumo ao noroeste americano. Poderiam estar pilhados de ansiedade, mas se estão, não aparentam, deixam transparecer entusiasmo e gratidão mesmo. O plano é ficar em torno de seis meses por lá, seis meses no México e depois subir para o Canadá e Alaska. Uma das coisas que a experiência anterior os ensinou é que planos quase nunca dão totalmente certo, então, ainda não definiram quanto tempo a viagem vai durar, mas deve ser algo entre um e dois anos.

    O que é certo, contudo, é que desta vez qualquer um vai poder acompanhar de perto a trajetória do casal a partir da transmissão semanal de vídeos no canal da agência no YouTube (a partir da próxima semana). “Vamos focar muito nisso na viagem. Hoje a gente acha o Instagram meio boring, posado demais, e gostamos da ideia de mostrar nosso dia a dia sem amarras, sem toda uma construção de imagem. Muita gente se preocupa com isso no Instagram”, pondera Pedro. “No YouTube as pessoas são mais elas mesmas. Pelo menos essa é a impressão que temos, e o que queremos mostrar nos próximos meses”.

    É a viagem mais ambiciosa da dupla até então, em que eles colhem os frutos de um processo puxado de três anos. No primeiro, trabalharam muito com moda em São Paulo; depois conseguiram viajar, mas com apenas uma marca a bordo durante toda a viagem, embora, tenham feito shootings para outras ao longo do percurso. “Foi muito difícil chegar até aqui porque existia um preconceito gigantesco com essa coisa de nômade digital. Ainda existe, mas a gente rala muito para que as pessoas saibam que podem confiar na gente. Pela primeira vez, estamos fazendo a viagem que queríamos desde o início – saindo do Brasil cheio de marcas na mala para produzir conteúdo juntos”, comenta o carioca, e a namorada completa: “Mas é um processo, né? A gente precisou passar por isso e produzir um conteúdo completamente nosso para ter um portfolio e mostrar às marcas o que pode ser feito com o nosso trabalho”.

    A vida na estrada os ensinou um tanto sobre isso. A aproveitar o momento mesmo que as coisas não saiam bem do jeito que era desejado, aquele lance de que o caminho importa tanto quanto o destino final. “Boa parte do nosso dia é a estrada que leva a algum lugar. No fim, o lugar não importa, e sim como você chega lá. Se você só quer chegar num destino, não faz muito sentido viajar. Parte da graça está mesmo na estrada”.

    ©Cortesia

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    Em tempo, a WAAA dá 4 dicas para encarar a vida como nômade digital

    Não existe hora certa: “Você nunca vai ter dinheiro suficiente ou tempo suficiente para ir, então, enquanto postergar os seus planos, nunca irá realizá-los de verdade. Se você quer muito uma coisa, trabalhe 100% pra fazer isso. Às vezes demora muito, mas se você acredita no que você faz e se você for bom – minimamente bom, ninguém precisar ser o melhor – uma hora vai”.

    O x da questão: “O mais difícil é entender: no que eu sou bom? O que eu sei fazer e como eu conseguiria capitalizar isso viajando? Ao mesmo tempo em que se você se esforçar, você consegue, é muito fácil receber não atrás de não, então, você precisa ter clareza”.

    Informação e organização valem ouro: “Para quem vai ficar muito tempo fora, cada detalhe organizado faz a diferença porque, com isso, você acaba economizando. É uma questão de se informar – saber bem quanto tempo você pode ficar em cada lugar, procurar uma forma de transferir seu dinheiro com taxas mais baixas do que travel money… Você precisa ter certeza de que resolveu tudo o que precisava antes de ir e aí é torcer pro seu banco não descontinuar seu iToken [risos]”.

    Vai haver surpresas: “O seu plano provavelmente vai dar errado, mas isso não significa que o que aconteceu não deveria ter acontecido. Você pode fazer planos, mas tem de estar aberto às eventualidades e entender que não existe o seu jeito – tire alguma coisa boa disso, se não, sua viagem vai ser um saco”.

    wearealive.today

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