FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade

    Ainda existe espaço para autenticidade no street style?

    Na estreia de sua coluna quinzenal no FFW, Bia Nardini questiona o street style da porta dos desfiles.

    fotos: cortesia copenhagen Fashion Week

    Ainda existe espaço para autenticidade no street style?

    Na estreia de sua coluna quinzenal no FFW, Bia Nardini questiona o street style da porta dos desfiles.

    POR Redação

    Por Bia Nardini

    Com a temporada das semanas de moda, entramos em alerta, ansiosos por desfiles, celebridades, festas e, claro, pelo street style — looks que, embora pareçam despretensiosos, são capturados precisamente nas ruas mais estilosas do mundo entre um desfile e outro. De Nova York a Paris, Londres a Milão, o impacto dessas imagens é inegável. No entanto, com a ascensão da Copenhagen Fashion Week e seu posicionamento sustentável e responsável, percebemos que algo faltava nas tradicionais capitais mundiais da moda. Em tempos de algoritmos treinados e pessoas moldadas pelo digital, talvez a estética particular da moda escandinava tenha se destacado mais nesta equação.

    Quando buscamos comentários sobre o evento, uma palavra sempre aparece: autenticidade. Porém, com a ascensão do seu reconhecimento internacional através do digital sua audiência também se transformou e a tal da autenticidade parece ser algo cada vez mais raro e difícil de encontrar até mesmo por lá. 

    No início eram pessoas “normais” que, ainda que trabalhassem com moda, viviam fora do online e não frequentavam desfiles com o objetivo único de viralizar. Agora? Um mix de personalidades construídas, com looks que parecem projetados para gerar engajamento nas redes sociais.

    Agências, assessores, marcas, stylists, fotógrafos, maquiadores, cabeleireiros, assistentes – quantos profissionais são necessários para que o registro perfeito seja capturado? Tente imaginar a quantidade de pulos que são dados na tentativa de que o flagra “espontâneo” saia exatamente como desejado. Não é por acaso que, em paralelo ao aumento de influenciadores de todos os tamanhos e nichos nas semanas de moda – a maioria em busca de validação pessoal, nos deparamos com fotos e vídeos no estilo paparazzi ganhando força. Tudo pensado para que um momento arquitetado pareça natural, instigando a aspiração de uma audiência que raramente questiona a veracidade das situações.

    Assim, o street style autêntico, que se fortaleceu junto às semanas de moda menos conhecidas, começa a ser distorcido, tornando tudo mais previsível. Vestir Miu Miu da cabeça aos pés, como outras 40 pessoas na porta do desfile que também tiveram seus looks escolhidos por terceiros, não carrega singularidade. Ser um manequim para infinitas sobreposições de customizações sustentáveis nas ruas de Copenhague não configura consciência ambiental ou inovação estética. Correr até Tóquio em busca de uma semana de moda mais autêntica, uma vez que ainda não foi dominada pelo street style ocidental em massa, sem adicionar nada de novo estética ou intelectualmente, pode até gerar números interessantes e uma valorização imediata, mas, a longo prazo, já está claro que isso não se sustenta.

    Não sejamos ingênuos. Desde que o mundo é mundo, com seus fotógrafos e semanas de moda gerando interesse global, o street style se tornou mais planejado. Quando sabemos que podemos ser vistos, não vestimos as primeiras peças que vimos na frente, buscamos aquelas que, de fato, transmitem a mensagem que queremos transmitir. Assim, a preocupação com a imagem final deve ser apenas um gatilho para a construção de um look que reflita nossa individualidade, e não um estímulo para a criação de pseudo-campanhas destinadas a vender uma imagem, uma história, ou até mesmo um produto específico. 

    Em A Sociedade do Espetáculo: Comentários sobre a Sociedade, Guy Debord afirma: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.” Vivemos no tempo do espetáculo; resta saber quem seguirá o roteiro que garante aplausos superficiais e quem redirecionará a narrativa, mostrando uma nova forma de se apresentar.

    Não deixe de ver
    “Impecável: a confecção do estilo negro” é o tema da próxima exposição do met
    Simon Porte Jacquemus é o novo curador da exposição de Lalanne na Christie’s
    Conheça a modelo Carol Monteiro que queria ser diplomata e foi parar na passarela da Louis Vuitton
    Sexy é pouco! Rihanna e Diesel lançam collab de lingerie e roupas
    A MODA ESTA DE OLHO NO SEUS HOBBIES
    Balenciaga renova contrato com Demna, VEJA e P.Andrade lançam edição exclusiva do tênis Fitz Roy e Lewis Hamilton estrela campanha de sua coleção com a Dior que tem foco nos esportes de inverno
    Tendência: O verão do preto
    Hedi Slimane deixa a Celine
    Redley lança Redley High, a nova linha de tênis de cano alto da marca
    O que é tendência nas ruas de Paris
    FFW