Como a América Latina vem ocupando novos lugares na moda
Estilistas da América do Sul e Central tem conquistado consumidores e comandam marcas tradicionais do hemisfério norte.
Como a América Latina vem ocupando novos lugares na moda
Estilistas da América do Sul e Central tem conquistado consumidores e comandam marcas tradicionais do hemisfério norte.
Adrian Appiolaza fez seu début na Moschino, ontem (23.02), o argentino virou o nome da vez, não só por substituir Jeremy Scott – responsável por manter acesa a curiosidade de uma nova geração na marca –, como por ser um latino à frente de uma casa européia.
O desfile em si foi bem interessante, com um humor menos Instagramável e mais contido, nota-se que Appiolaza olhou bastante pros arquivos e propôs algo divertido e inteligente bem aos moldes do que Franco, fundador da marca, faria: uma alfaiataria descomplicada, elementos pop, um quê de surrealismo e até um ar ufanista – vide o penúltimo look.
Essa estreia nos fez pensar sobre o crescimento e posições de destaque que vêm sendo ocupadas por nomes latinos no mercado internacional. Poucos sabem, mas Gabriela Hearst é latina (Uruguaia!) – a presença da escola de samba Mangueira, em sua saída da Chloé, se deu por conta da sua veia latino-americana.
Haider Ackermann e Esteban Cortazar são dois colombianos que fizeram seu nome para além dos trópicos, assim como o dominicano Fernando Garcia (Monse e Oscar de La Renta). Willy Chavaria e Raul Lopez (Luar), ambos de ascendência latina, vem transformando a NYFW.
O Brasil mesmo viveu um ótimo momento nos anos 2000 com criadores desfilando internacionalmente: Alexandre Herchcovitch, Fause Haten, Osklen e Rosa Chá – quando ainda era uma marca de biquínis e Francisco Costa à frente da Calvin Klein são ótimos exemplos.
Pedro Lourenço foi outro talento proeminente – com passagem pela La Perla e marca própria, a Zilver, estabelecida em Londres. E, antes deles, Ocimar Versolato assinou para a Lanvin (sim, lá no final dos anos 1990!).
Atualmente duas brasileiras vem construindo suas trajetórias internacionais e fazendo o mundo olhar para nós de uma nova forma: a veterana Patrícia Bonaldi, na NYFW, e a newcomer Karoline de Vitto, na LFW.
Há, como sabemos, ainda uma série de limitações sócio-econômicas que intimidam esse avanço quando comparado, por exemplo, ao número de designers asiáticos nas semanas de moda internacionais. Mas é interessante observar esse crescimento. Que eles abram portas para que mais profissionais latinos conquistem posições de destaque na moda global pois talento temos de sobra.