Como a FRUiTS Magazine fez história no street style no Japão
Antes dos blogs e das redes sociais, a revista foi responsável por documentar a efervescência das ruas japonesas nos anos 2000.
Como a FRUiTS Magazine fez história no street style no Japão
Antes dos blogs e das redes sociais, a revista foi responsável por documentar a efervescência das ruas japonesas nos anos 2000.
Fundada em 1997 pelo fotógrafo Shoichi Aoki, a FRUiTS foi pioneira dentro da fotografia de street style, ficando conhecida por apresentar o estilo dos jovens que moravam no bairro de Harajuku, em Tóquio.
A revista marcou um período muito importante para o Japão – país majoritariamente conservador – que a partir do periódico conseguia competir com a moda ocidental por meio das subculturas encontradas por Aoki.
Dessa forma, ao perceber que havia descoberto estilos de se vestir que não existiam fora do território japonês – ou até mesmo de Tóquio – Aoki decidiu documentar esses jovens que tornaram-se fenômenos mundiais por seus estilos bem pessoais e, muitas vezes, dramáticos.
Cult
O status de cult, no entanto, veio em 2001, quando foi publicado um compilado de fotos da revista reunido pela editora Phaidon. A partir daí, um número maior de admiradores (incluindo um nova geração) passou a se sentir atraído pelas cores, texturas e originalidade da moda de rua japonesa, além de uma série de particularidades que entregavam a personalidade em um mundo pré-internet.
A publicação foi responsável por marcar uma geração da moda Y2K e documentar jovens autênticos que tinham suas próprias interpretações de estéticas como grunge, punk e outras subculturas. Nesse novo momento, ao dialogar com ocidente e oriente, ao mesmo tempo, se propôs a exibir com detalhamento inúmeras ramificações visuais, como: Kei, Lolita, Decora e Ganguro, além de colocar o bairro de Harajuku como um sinônimo de liberdade, criatividade e, ao seu modo, de transgressão.
A influência das ruas japonesas e o fim da FRUiTS
Os jovens japoneses dos anos 2000 eram admirados no mundo todo por seu estilo único quando se tratava de auto expressão. Além de montar looks marcantes com marcas renomadas e descoladas como DC Shoes, Comme des Garçons, Vivienne Westwood e Hysteric Glamour, eles também usavam e abusavam de mixes de roupas tradicionais japonesas como quimonos e calçados de madeira (geta).
Apesar da popularidade internacional da revista, a FRUiTS encerrou suas publicações em fevereiro de 2017. Em entrevista, Aoki alegou que “There are no more cool kids to photograph’’ (“Não há mais jovens legais para fotografar”), justificando que sentia que a geração atual tinha medo de se auto expressar como os jovens faziam no início dos anos 2000.
Legado
Para nossa sorte, em maio deste ano, Aoki decidiu relançar a primeira edição da FRUiTS em inglês, tornando o arquivo valioso que criou durante anos fotografando looks pelas ruas de Tóquio acessível a qualquer pessoa em todo o mundo. “A edição em inglês é o primeiro passo em direção a esse objetivo”, diz ele.
Essa primeira edição conta com as descrições em inglês anexadas as fotos, créditos das roupas utilizadas, nomes do stylists e artistas que montaram o look além de entrevistas como o clássico bate-bola com Mihara Yasuhiro – informações que antes nunca tinham sido traduzidas. “Poder ler essas entrevistas e conferir os nomes das roupas apresentadas em inglês pela primeira vez, mais de 25 anos depois, é algo muito especial”, diz Aoki.
O fotógrafo espera publicar todas as edições traduzidas futuramente. No entanto, com o encerramento de novas publicações da revista, o Japão passa a expressar um streetwear mais polido, por isso, Aoki destaca a importância da revista e da documentação de tendências na moda: “FRUiTS is a valuable record of an event that may never happen again’’ (“FRUiTS é um registro valioso de um evento que pode nunca mais acontecer”).