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    Sarah Burton, ex-diretora criativa da Alexander McQueen.

    Desafiando o argumento: quem vê talento, vê genero?

    A escolha de Seán McGirr’s para a Alexander McQueen incendiou uma grande conversa sobre diversidade na indústria da moda. 

     

    Desafiando o argumento: quem vê talento, vê genero?

    A escolha de Seán McGirr’s para a Alexander McQueen incendiou uma grande conversa sobre diversidade na indústria da moda. 

     

    POR Camila Yahn

    Muitas vezes, quando se questiona a falta de mulheres nos cargos de decisão como diretoria criativa e CEO na moda, ouve-se o argumento de que essas posições devem ser preenchidas com base no talento e qualificação, independentemente do gênero. Certamente, ambos devem ser critérios importantes, mas o fato é que, em grande parte, esses cargos têm sido ocupados predominantemente por homens brancos. Isso levanta uma questão importante: será que estamos realmente avaliando o talento de forma justa e equitativa?

    Esse assunto voltou à tona recentemente após a saída de Sarah Burton da Alexander McQueen. Em seu lugar, entrou o irlandês Seán McGirr, o que gerou um barulho nas redes sociais após a constatação de que todos os diretores criativos das marcas de moda do grupo Kering (Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Brioni e McQueen) são agora homens brancos. Como comparação, na LVMH, quatro mulheres ocupam cargos de liderança: Stella McCartney, Phoebe Philo, Maria Grazia Chiuri (Dior) e Camille Miceli (Pucci), respectivamente.

    Seán deve ter toda qualificação e as ferramentas para não decepcionar, porém é preciso fazer um esforço para quebrar os estereótipos e as barreiras de gênero pois é fato que a desigualdade de gênero persiste de maneira gritante nos níveis mais altos de uma indústria que tem como mercado majoritário mulheres. 

    A indústria da moda tem uma longa história de preconceitos de gênero e falta de diversidade racial em suas estruturas de poder. Isso pode criar um ciclo onde as oportunidades e reconhecimento são concedidos com base em redes de contatos e normas culturais pré-existentes, em vez de verdadeiramente avaliar o potencial e as habilidades das pessoas. Portanto, a gente precisa questionar se a seleção baseada no “talento” tem sido, na verdade, uma maneira de perpetuar a desigualdade de gênero e racial na moda.

    Não estamos aqui num joguinho competitivo infantil homens x mulheres. Nossa conversa é mais ampla e transparente. É fato que, embora a moda seja um campo que celebra a individualidade e a diversidade, muitas marcas ainda não conseguiram refletir esses valores em suas estruturas. Sabemos que a falta de representatividade dessa diversidade é um reflexo de um problema mais profundo no setor.

    Mulheres incríveis ajudaram a construir e a remodelar a indústria, “não por se enquadrar nas regras corporativas lideradas pelos homens, mas por ignorá-las constantemente, confiando nos seus próprios instintos, vivendo como desejam e abrindo amplo espaço criativo para a sociedade”, escreveu a crítica Sarah Mower em um texto de 2019 que celebrava as estilistas fundamentais para a história da moda.

    Muitos homens que dedicaram e dedicam sua vida a criar para mulheres, acabam idealizando mulheres que não existem. É difícil se colocar no lugar do outro sem ter a real experiência desse outro. Ou vocês acham que foi uma mulher que criou a Victoria’s Secret?

    É nosso papel questionar e desafiar as normas e preconceitos de longa data. Isso não significa colocar mulheres em cargos de liderança apenas por serem mulheres, mas sim criar um ambiente em que o talento seja avaliado de forma justa e onde as oportunidades sejam acessíveis a todos, independentemente do gênero ou raça.

    Esta indústria sempre foi considerada um setor dinâmico, inovador e transformador. No entanto, quando se trata de equidade de gênero e representatividade em cargos de liderança, o progresso é lento e a moda ainda tem um longo caminho a percorrer. 

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