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    Entrevista: Cris Barros fala sobre processos e a importância da dúvida e da intuição

    Entrevista: Cris Barros fala sobre processos e a importância da dúvida e da intuição

    POR Camila Yahn

    Cris Barros era uma jovem designer de 30 anos quando resolveu abrir sua marca própria. Assim como muitas pessoas que abrem seus próprios negócios, Cris foi impulsionada por uma paixão (no caso, pela moda) e pelo desejo de criar, juntar suas ideias, inspirações e referências e transformar em roupas. O que começou como um processo intuitivo e sem grandes planejamentos, se tornou uma marca forte e estabelecida no mercado, que acaba de completar 20 anos. 

    Entendedores entenderão, mas não é fácil entrar num negócio e sair vivo e forte dele após duas décadas. Prestes a completar 51 anos, Cris ainda mantém a intuição como uma de suas guias, além de um time sólido que a ajuda a administrar um negócio sempre em evolução. Desde 2016 a marca faz parte do Grupo Soma (dono da Animale, Farm e Hering, entre outras) e, em 2020, o grupo adquiriu 100% das ações da Cris Barros. Hoje a marca está presente em  60 pontos de venda e possui 10 lojas próprias, produzindo acima de 100 mil peças por ano.

    Ao longo desses anos, Cris tem conquistado sucesso comercial derivado de um imaginário de moda mais conceitual e repleto de referências artísticas. Um patchwork de ideias, sonhos e desejos que se desdobram em roupas e acessórios, mas também em campanhas e eventos. 

    No final do ano passado, tivemos uma longa conversa via zoom. Abaixo, você pode ler os principais trechos:

    Você está celebrando 20 anos de marca. Uma vez que você teve sucesso com um certo estilo, acha difícil continuar evoluindo criativamente?

    Acredito que o DNA da marca tem que ser genuíno, mas existem vários caminhos de evolução. O que me impulsiona é a evolução criativa no geral, os questionamentos e o anseio em sempre apresentar algo novo. A gente mantém a identidade Cris Barros, mas sempre incorporando novos olhares, caminhos e projetos. Hoje eu também me inspiro muito nas minhas clientes, nos desejos e estilo de vida delas. É um estudo constante para manter esse equilíbrio entre a identidade e relevância. Eu e a minha equipe nos conectamos com tudo e todos ao nosso redor a fim de trazer diferentes perspectivas para a criação. Esse é o caminho da evolução.

    Mesmo com a experiência, você se sente insegura? Acha que a insegurança te faz conhecer novos caminhos?

    Não sei se é insegurança, mas eu tenho dúvidas sim. E acho que no processo criativo, esses questionamentos são necessários para poder evoluir. É importante termos dúvidas, acredito que através delas entendemos que estamos num eterno processo de amadurecimento e evolução internos e também como marca. E com a experiência, com certeza os medos diminuem.

    Com quais desafios você se deparou ao lançar a marca?

    Um desafio grande e constante é crescer mantendo o posicionamento de exclusividade de uma marca de luxo autoral e com relevância. Tivemos que nos reinventar muitas vezes. Fomos nos adaptando e executando as transformações necessárias. É muito desafiador mesmo manter a marca atual e fiel a sua essência. 

    Cada estilista tem uma maneira de começar a criar. Uns começam com um tema, outros a partir do contato com os tecidos. Como funciona pra você?

    Quando crio uma peça, gosto de imaginar que consigo transportar as pessoas para um universo específico. Sempre segui meu instinto me inspirando naquilo que estou vivendo no momento. Somo isso a lembranças e referências de viagens, pesquisas, pessoas e minha paixão por moda e arte. Felizmente, sei quem sou e do que realmente gosto. Para se sobressair, é preciso conhecer a si mesma, caso contrário, você começa a caminhar na direção errada.

    O que você considera um diferencial na sua forma de trabalhar?

    Nossas coleções possuem muitas peças, porém produzidas em poucas unidades. É um trabalho de criação muito grande pois cada aviamento esculpido a mão, cada botão, cada estampa, cada bordado… Tudo é exclusivo da marca. Desenvolvemos os materiais para os apliques um a um, cores, tipos de linha e as bases para serem bordados, são processos artesanais. É muito enriquecedor estudar todas essas técnicas e poder testar cada ideia assim.


    E depois buscamos formas inovadoras de apresentar as nossas coleções para o público, seja um piquenique no meu jardim, uma representação poética dentro da nossa loja feita por bailarinos, criando “instaseries” ou uma grande experiência como foi a celebração dos 20 anos.

    O estilista Dries Van Noten disse: “Se você quer realizar sonhos, faça alta costura. Mas é a realidade que eu quero mostrar.” Como você equilibra o sonho, a inspiração e a criatividade com a realidade e as necessidades comerciais?

    Minha paixão é a criação, então eu trato cada peça como especial, claro levando em conta o nosso DNA e o tema da coleção. Também troco muito com a minha equipe,  minha irmã e minhas amigas para entender se elas, e eu, usaríamos essas peças. E junto com isso, sigo muito a minha intuição. 

    Hoje há uma grande preocupação com a responsabilidade social e ambiental. Como isso impacta a estratégia da sua marca?

    Sempre tive um respeito enorme pelo trabalho social e isso impactou a nossa estratégia geral como marca. Eu me sinto totalmente responsável pela sociedade que me cerca e por tudo o que acredito que posso contribuir, mudar, movimentar e transformar dentro desse organismo. Então, um dos nossos principais pilares é promover, criar ou apoiar projetos sociais. Desde 2017, apoiamos as ONGs Casa do Rio e as suas artesãs maravilhosas, e a Rede Synapse, uma iniciativa de capacitação de professores de escolas públicas de todo o Brasil.

    Também usamos matérias primas sustentáveis, como o tecido Jacarta desenvolvido com materiais provenientes de madeira de reflorestamento, e algodão sustentável certificado (Algodão Brasileiro Responsável) que respeita a legislação ambiental brasileira e monitora a cadeia produtiva. E a Cris Barros é uma empresa carbono neutro. Monitoramos o nosso impacto desde a compra de matéria-prima até o transporte dos nossos produtos do Centro de Distribuição até as lojas, passando também pelo nosso consumo de energia nos nossos escritórios. 

    De que a era digital influenciou você como designer de moda?

    Acredito que o digital trouxe essa agilidade e talvez uma forma mais “simples” de nos comunicar, com uma estética mais “backstage”, mais caseira, intuitiva e espontânea. Os prazos e cronogramas de divulgação são mais instantâneos, imediatos.  

    Ainda temos alguns processos trabalhados com muita antecedência, como a criação das nossas campanhas. Mas mesmo nesses casos, nós encontramos formas de dar “spoilers” em tempo real também para compartilhar o nosso dia a dia com o público. Isso cria proximidade e a audiência engaja demais com essas formas de divulgação. 

    Onde é o melhor lugar pra investir o dinheiro hoje? Anúncios? Email mkt? Desfiles? Redes sociais? Influenciadores? Campanhas? Onde você prefere investir?

    Nós trabalhamos com todas essas estratégias de acordo com as necessidades do planejamento semestral, mas diria que o nosso maior investimento são as campanhas. Acredito no poder de uma imagem forte, que emociona e marca as pessoas. Essa imagem vai dar o tom da coleção e também se destacar no mercado. Vai inspirar nossa cliente e também outros públicos que talvez ainda não sejam clientes. É um investimento institucional e comercial muito importante para a marca continuar relevante. E a partir desse material muito rico, conseguimos abastecer todos os outros canais.

    Hoje a Cris Barros pertence 100% ao Grupo Soma. O que essa transição significa pra você?

    Estar no grupo Soma me trouxe a esse lugar muito bom onde posso me dedicar mais ao meu desafio criativo. Um diferencial do Grupo Soma é manter os sócios fundadores responsáveis pelas suas marcas e com total independência. O grupo nos apoia com estrutura de back office e operacional, é como um irmão mais velho que nos ajudou a profissionalizar os processos, ter acesso aos melhores fornecedores, estrutura de mão de obra e uma excelente estrutura física para operar. 

    Como você imagina o futuro da Cris Barros?

    Consigo olhar para os próximos 20 anos com ainda mais amor pelo que faço.

    Quando você alcança uma estrutura operacional ideal, que no Brasil a gente sabe que é difícil, você se permite a se desafiar mais. Eu espero continuar evoluindo sempre, entendendo o que realmente faz sentido para a marca.

    O que você acha que o mercado ainda não sabe sobre você?

    Precisa saber de tudo? Ainda mais nesse mundo digital onde todo mundo sabe de tudo, acho bom manter uma parte de mistério! ☺

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