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    A JÁ HIT ESTAMPA ORLA, DA COSMO RIO. FOTOS: KENNY HSU

    FFW conversa com a dupla por trás da marca sensação Cosmo Rio

    Criada em 2017 por Lúcia Hsu, a marca carioca se propõe à criar roupas sem firulas e deixar as mulheres felizes com seus corpos

    FFW conversa com a dupla por trás da marca sensação Cosmo Rio

    Criada em 2017 por Lúcia Hsu, a marca carioca se propõe à criar roupas sem firulas e deixar as mulheres felizes com seus corpos

    POR Augusto Mariotti

    Que fã de biquínis ainda não foi impactada pela estampa psicodélica inspirada no calçadão de Copacabana rodando pelo feed? Ou pelas campanhas com corpos reais e diversos da marca sensação Cosmo Rio?

    Fundada em 2017 pela carioca Lucia Hsu e hoje comandada por quatro mulheres, a Cosmo vem vestindo a nova geração com seus biquínis e roupas que são criados e modelados para todos os corpos. Sem firulas e com o único objetivo de fazer com que sua consumidora se sinta bonita e feliz com seu corpo, as coleções sem estação criadas por Lúcia tem o próprio Rio de Janeiro e suas iconografias, principalmente dos anos 60 e 70, como fonte de inspiração. Em pouco tempo, as peças autorais com um certo quê de nostalgia, conquistaram clientes ilustres como Anitta, Isis Valverde, Duda Beat, Rafa Kalimann e Thai de Melo, com quem a marca acaba de assinar a collab Surfari.

    Fundada em 2017 pela carioca Lucia Hsu e hoje comandada por quatro mulheres, a Cosmo vem vestindo a nova geração com seus biquínis e roupas que são criados e modelados para todos os corpos.

    Batemos com Lucia Hsu e Natália Barros sobre como nasceu a Cosmo Rio, as referências e inspirações e os planos futuros (e promissores) para a marca.

    Lúcia Hsu e Natália Barros, da Cosmo Rio.

    LÚCIA HSU E NATÁLIA BARROS, DA COSMO RIO.

    Lúcia e Natália, conta pra gente um pouco sobre vocês.

    Lúcia: Sou carioca mesmo, nascida criada no Rio, filha de pais ‘ratos de praia’. Eu sou a filha diferente, que tomou o rumo de empreender, a criativa da casa, a arteira. Estudei num colégio de padre, nesse ambiente controlador, cheio de regras, que eu nunca mais queria ter na minha vida. Comecei estudar design de produto e mudei no terceiro ano para design gráfico, não estudei moda. Nunca me vi como uma empreendedora, dona de marca de moda, me questionei muito mas hoje vejo que consegui juntar tudo o que aprendi com a vontade de fazer as pessoas sentirem o que sinto quanto visto uma roupa.

    Natalia: Eu tenho 38 anos, libriana, nasci eu Fortaleza e filha de pai pescador carioca, criado na periferia da Ilha do Governador, mãe lavadeira. Meu pai se mudou aos 40 anos para Fortaleza onde conheceu minha mãe. Ele comprou um restaurante na praia, e minha mãe, que já nessa época trabalhava com turismo ajudava. Minha infância foi passar os dias no restaurante, dormindo na rede, na praia. Graças ao trabalho dos meus pais eu pude estudar em boas escolas, fazer faculdade de turismo. Voltei pro Rio para trabalhar e lá conheci a Lúcia. Lá se vão aí mais de 15 anos de amizade. Com as mudanças na indústria do turismo, por causa da internet, resolvi mudar de carreira e ir para São Paulo. Fui para a publicidade. Foi também um reencontro com a Lúcia, que tinha acabado de criar a Cosmo e eu comprei o primeiro drop dela. No dia que provei o biquíni eu liguei pra ela e falei ‘Lúcia se você quiser uma sócia eu quero ser sua sócia’. Ter uma filha me fez repensar o que eu realmente queria, minhas paixões, e moda era uma delas, muito influenciada pela minha mãe, que tinha um guarda roupas maravilhoso, construído por muitas viagens para muitos lugares do mundo. Daí depois de um tempo a Lúcia aceitou me ter como sócia. Eu foco no marketing e branding, Lúcia na parte criativa e hoje temos mais duas sócias, a Lohaynne Camilo e a Luisa Martini.

    Como nasceu a ideia de criar a Cosmo?

    Lúcia: Tenho duas respostas para essa pergunta. Em 2016 eu me mudei para uma casa. Eu coloquei meu biquíni para secar no terraço e com o vento ele foi parar no telhado de outra casa e eu fiquei observando ele lá se deteriorar, por meses e me peguei pensando ‘caramba eu não vou comprar outro biquíni, eu amava ele’. E eu tava num momento profissional de muita reflexão, eu estava insatisfeita. Eu trabalhava no comércio, nada a ver com moda, e não trazia uma sensação de satisfação. Eu sempre gostei de moda no lugar de consumidora, meu armário sempre teve muito biquínis e eu não encontrava uma variedade que me vestisse bem, me deixasse me sentindo bonita. E esse biquíni era muito diferente, me deixava muito bem, ele tinha uma modelagem muito diferente. E ele não tinha nada demais, era um detalhe ou outro, um tecido muito especial. Esse momento de vida me levou para esse lado de empreendimento. Faltava uma proposta de biquíni que quase fosse um underwear. Quando a Cosmo começou ela tinha essa proposta de ser o encontro do underwear com a praia. Foi muito gratificante ver o retorno das pessoas. Isso me trouxe uma sensação de fazer a pessoa sentir o que eu sinto, dela se sentir gata, de pessoas de até muito longe do nosso nicho aqui do Rio. Me sinto extremamente realizada quando consigo contar essa história, do produto à comunicação. Fico até emocionada quando falo sobre isso.

    “Quando a gente fala que é uma roupa criada para a pessoa ser feliz sem sacrifício, é não ser um biquini promessa que você compra para te incentivar a fazer uma dieta no final do ano.” Lúcia Hsu

    No manifesto da Cosmo vocês dizem acreditar numa roupa que faz as pessoas felizes sem sacrifícios diante do espelho. Como isso se traduz no que vocês criam e propõem em termos de produto? 

    Lúcia: A questão da ergonomia sempre foi algo muito presente que eu trouxe trazer ao criar a marca. Comecei vendendo na minha casa e vendo as amigas experimentando ali mesmo, se olhando no espelho e eu fui conhecendo o gosto, estilo de vida e ouvindo delas o quanto nossos biquínis deixavam elas bem, confortáveis, que elas podiam dar um mergulho no mar que o biquíni não ia sair do lugar. Nós mulheres sempre fomos criadas para não sentar de perna aberta, para não fazer estripulias, toda uma criação diferente e acho muito importante que a gente se sinta livre nos momentos de lazer. Quando a gente fala que é uma roupa criada para a pessoa ser feliz sem sacrifício, é não ser um biquini promessa que você compra para te incentivar a fazer uma dieta no final do ano. Você deixa de viver o presente, para fazer uma dieta maluca para caber numa peça num tamanho menor que a gente usa, toda uma cultura de comportamento, pelo menos aqui no Rio. Eu sempre tive  amigas que deixavam de ir a praia por causa de uns quilos a mais. Quando você tá ali é pra você estar muito à vontade. Então eu somei o que aprendi no design de produto com a moda, que fui aprendendo na marra mesmo e isso trouxe um novo ângulo. São modelagens simples, mas com detalhes que fazem diferença e que muitas vezes ela são sutis e é legal ver que as pessoas sentem essa diferença, que o biquíni veste tão bem.

    FOTO: KENNY HSU

    As estampas com uma estética vintage, um tanto psicodélicas e lisérgicas são uma das mais fortes identidades da Cosmo Rio. De onde vem o interesse por essa estética?

    Lucia: De fato é uma identidade bem forte nossa. O biquíni é uma tela pra gente colocar o que a gente quer. Eu nunca me vi fazendo biquíni estampado, nem sou uma pessoa tanto da estampa, mas eu me tornei essa pessoa, e aqui no Rio as pessoas amam estampas. A estampa abriu uma oportunidade para eu compartilhar minha visão. Eu sou uma pessoa super sensível, canceriana, nostálgica de algo que eu nunca vivi. Eu vivo colecionando fotos do Rio, coisas que eu printo da Biblioteca Nacional, as revistas Manchete que tinham fotos incríveis da moda no Rio das décadas de 60 e 70 e sou viciada nessa estética, na música, na vida e cultura que efervesceu em vários lugares do mundo naquele momento. Meus pais eram aquele casal surfistas bronzeados do Arpoador. Eu vejo fotos deles, do calçadão de Copacabana, que ficou pronto em 1971 se não me engano, o paisagismo de Burle Marx. É muito doido falar sobre isso por que também era uma época que o Brasil estava vivendo a ditadura, mas também tinha essas coisas acontecendo e o calçadão foi uma delas. Eu justamente comecei a pensar na estampa Orla por conta dessas pesquisas que fiz durante a pandemia. Era nossa segunda estampa. Eu gosto de dividir minha visão de mundo, de nostalgia, do brechó. Eu acho que o encontro entre uma modelagem diferente, moderna, um tecido mais tecnológico com uma estampa que traz uma lembrança afetiva, é um híbrido muito legal de brincar e acho que é por isso que tem dado tão certo.

    “Meu processo criativo é totalmente costurado pelas emoções e por fazer a pessoa se sentir bem, se sentir mulher, mais selvagem, mais plena de quem ela é.” Lúcia Hsu

    Lúcia, como é o seu processo criativo?

    Lúcia: Meu processo sempre foi muito intuitivo, sempre esteve relacionado aos meus sentimentos em relação às coisas que me inspiram, meu sentimento de nostalgia quando vou pensar numa estampa, nas mulheres que estavam nas revistas nos anos 70. Essa pessoa não é uma só, ela é varias. Muitas referências me trazem sentimentos, e muitos sentimentos viram referências. Meu processo criativo é totalmente costurado pelas emoções e por fazer a pessoa se sentir bem, se sentir mulher, mais selvagem, mais plena de quem ela é. E é muito bom poder juntar tantas referências visuais que vem de toda minha pesquisa dos 60, 70, da lisergia, do Rio, do píer do Arpoador. Eu vivo muitos Rios de Janeiro num só, eu vou muito do luxo ao lixo aqui. E nada dá mais propriedade para você contar uma história do que estar vivendo ela. Meu processo também passa muito pela brincadeira de misturar coisas improváveis, como aconteceu com a Thai. Foi muito rico juntar nossos processos criativos, com o fotógrafo, com a stylist. Eu sou uma pessoa que gosta de colaborar. De trazer a visão nova de pessoas que admiro e que são diferentes de mim.

    Vamos então falar da collab com a Thai chamada Surfari. Por que a escolha pelo nome dela para essa co-criação? E o que essa colaboração trás de novo para o universo da Cosmo?

    Natália: Eu enquanto marketing, estou de olho nas influencers e principalmente nas micro, que tem um trabalho mais assertivo, mais qualitativo e para o tamanho da nossa marca fazem mais sentido. Desde que conheci a Thai (ela ainda não era grande assim), eu comecei a ficar de olho nela, começamos a trocar replys nos stories. Um dia resolvi mandar uma DM para ela e propor uma collab e ela topou! E a Thai é essa explosão de criatividade, de personalidade, e como ela mesmo diz ela é selvagem, ela é uma fera. Ela é uma mulher incrível e eu aprendo com ela todos os dias.

    Lúcia: A Thai me cativou desde o dia que a conheci, no final de 2019. Ela recebeu um biquíni nosso, da collab com a com a Obvious e ela fez um video incrível com nosso biquíni, ela tava numa esteira na academia do prédio, eu achei de um deboche e uma desenvoltura, de um botar a cara no sol que eu não tava esperando. Ela entendeu muito a cara da Cosmo. E ela virou esse fenômeno. Eu acho ela inteligente, ela captou a própria essência de uma forma que acho que nem ela podia imaginar. E ela é uma pessoa muito fora do comum. Agora ela tá nessa fase mais adulta, mais amadurecida, que não é mais uma garota.

    Eu fui falar com ela sobre a collab, da ideia do surf, do esporte e do animal print, porque ela tem estado mais na natureza, no mar. Ela topou tudo. Então foi uma mistura desse universo nosso, que começa na praia e vai para no boteco, com o animal print, que é a cara dela né? E deu muito bom. Essa colaboração foi um híbrido perfeito e trouxe pra gente um frescor para o que vem pela frente.

    Em que momento a marca se encontra hoje?

    Natalia: Os primeiros anos da marca foram de muita experimentação, tanto em produto quanto maneiras de alcançar nossas consumidoras e criar uma comunidade em torno da marca. Também foi o período que construimos nosso time e os nossos parceiros. Hoje sentimos que nos conhecemos e temos uma ótima estrutura para crescer, desbravar novos canais como lojas físicas, novos mercados como o internacional, pois encontramos nosso espaço, nossa comunidade e o que funciona pra gente.

    Há planos então para abertura de loja física para breve?

    Natalia: É um grande sonho nosso, mas apesar de todo mundo falar ‘abram uma loja menor’, a gente tá se programando para abrir essa loja tão sonhada, com a experiência que a Cosmo deve entregar. É um projeto que a gente vai começar a tangibilizar para o ano que vem, no máximo 2024.

    Natália, você mora em Nova York. Uma expansão internacional está nos planos da marca?

    Natalia: A gente tem duas metas bem próximas, uma delas é começar a fazer biquinis para crianças. Se tudo der certo, no próximo verão brasileiro já teremos a Cosmo Kids. Como eu moro em Nova York, a base de nossa expansão será aqui e já estamos trabalhando para isso, quem sabe para o próximo verão, no meio do ano que vem.

    Como vocês enxergam o futuro da criação de Moda?

    Lucia: Como um todo, acho que o futuro da criação de moda passa por entendermos o quanto os modelos de negócio, tipo a Shein, que estão ditando um ritmo insano de consumo não podem ser o novo normal, e que com isso, as marcas de moda passem a ter o hábito, desde já, de sempre repensar seu papel como empresa, onde queremos estar, colaborando pra um planeta e uma sociedade melhores em vários aspectos. Acho que isso passa pelo cuidado com o meio ambiente. Com oferecer um produto que vai proporcionar alegria pra quem veste. Acho que a moda precisa rever sempre seus propósitos. Acredito num futuro de novos hábitos.

    Natália: Penso que a moda precisa ser cada vez mais diversa, ter cada vez mais responsabilidade social e ambiental, e até mesmo uma responsabilidade sobre como ela afeta as mulheres, os jovens do ponto de vista mental, que ela não seja opressora e sim inclusiva.

    A Cosmo não trabalha com estações e aposta em lançamentos pontuais e enxutos que  podem ser encontrados na loja online própria.

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