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    Miguel Mello: conheça o diretor de arte carioca que está atraindo olhares para além do mercado nacional

    Kelela e Jacquemus são dois nomes recentes que contrataram o jovem talento

    Miguel Mello: conheça o diretor de arte carioca que está atraindo olhares para além do mercado nacional

    Kelela e Jacquemus são dois nomes recentes que contrataram o jovem talento

    POR Vinicius Alencar

    Algumas profissões acabam se tornando mais abstratas para quem vê de fora, diretor de arte e diretor criativo, sem dúvidas, estão nesse top 5. Criar uma imagem requer não um, mas inúmeros olhares que se co-relacionam e resultam em algo autoral – até mesmo hoje diante da crise causada pelo excesso de informação e do amplo universo imagético que somos expostos.

    Em meio a tudo isso, um nome tem se destacado no mercado nacional: Miguel Mello. O criativo tem chamado atenção não só de marcas e celebs brasileiras, como Gkay, mas especialmente de nomes internacionais, incluindo a cantora Kelela e o estilista Jacquemus – que acaba de divulgar sua linha de objetos, que tem a Casa das Canoas, no Rio, como cenário e o olhar pessoal de Miguel por trás.

    Observando seus trabalhos notamos que o carioca é extremamente gráfico, tem apreço pelos códigos tropicais com um toque de humor, além de ser fã de texturas, que fazem parte do seu vocabulário, onde em cada trabalho esses elementos se tornam mais explícitos, impressionando e instigando cada vez mais pessoas. Na sequência, você confere a entrevista completa.

    O diretor de arte e criativo, Miguel Mello de 27 anos

    Você nasceu no Rio, né? No que e onde se formou?
    Isso, eu nasci no Rio mas cresci na região serrana, em Petrópolis! Depois eu voltei para o Rio para fazer faculdade, me formei em Design Gráfico na PUC.
    Como e quando tudo começou, percebo que hoje você atua mais como diretor de arte do que como stylist, ou é uma impressão? Foi algo natural ou proposital?
    Foi tudo muito natural! Na verdade a paixão pela moda sempre existiu, mas junto com ela já tinha também esse anseio pela criação de imagem… Acho que foi por isso que o Design Gráfico me pegou.Durante a faculdade e nos meus primeiros empregos em agências de design eu estava conceituando e produzindo conteúdo visual o tempo todo. Eu tinha que pensar na mensagem que eu queria passar naquela peça e articular os artifícios estéticos disponíveis para apresentar a mesma mensagem da melhor forma possível. Eu sinto que aquilo já era de alguma maneira uma introdução para esse pensamento de composição visual que eu viria a me aprofundar mais a frente, sabe?Mas voltando para a sua pergunta, meu primeiro contato com esse mundo foi quando eu migrei para uma marca de moda e lá dentro eu cuidava da parte de criação de imagem, desde as fotos do e-commerce até as campanhas. Era uma marca pequena, então eu acabava assumindo uma série de funções ao mesmo tempo! Fazia um pouco de pesquisa, um pouco de produção executiva, um pouco de styling, de arte, de tudo! Era um super desafio, mas ao mesmo tempo me fez crescer à beça. E foi lá que eu comecei a me conectar com uma rede de pessoas que já estavam inseridas nesse meio e, conhecendo um pouco do meu trabalho, começaram a me puxar para outros desafios…O trabalho de diretor criativo é amplo e, justamente por isso, acredito que seja difícil de explicar como ele atua. Como você sente isso e como você explicaria seu trabalho para alguém completamente outsider?
    Eu sempre acho que essas nomenclaturas para categorizar as funções dentro das equipes de criação de imagem são muito “cinzentas”! Acredito que existam uma série de nuances que estão muito associadas ao formato do projeto que você está participando, sabe? Para responder a sua pergunta eu vou fazer um recorte mais específico descrevendo a função do Diretor Criativo no desenvolvimento de uma imagem de moda, na minha visão, pode ser?

    Eu enxergo o trabalho do Diretor Criativo como um fio condutor para a criação da imagem. Além da conceituação criativa do trabalho, ele é a pessoa responsável por conectar todas as pontas do projeto, garantindo a coerência e a unidade do resultado final. O Diretor Criativo precisa ter uma visão 360 do trabalho, linkando todas as frentes criativas que vão participar ativamente naquela produção. Por isso acho também que é muito legal que esse profissional já tenha tido alguma experiência com styling, com direção de arte, até mesmo algum contato com maquiagem… Além disso é um trabalho que tem muito valor na pré-produção de um projeto, principalmente para gerar “insumos visuais” para toda a equipe e tornar visível o que se pretende produzir como entrega final… Resumindo muito resumidamente: o Diretor Criativo pesquisa, conceitua, organiza as ideias, apresenta para o time e para o cliente, dirige a captação das imagens (junto com os outros profissionais do projeto) e garante que a entrega seja feita da forma como foi pensada. Faz sentido? [risos].

    Sinto que alguns elementos são onipresentes em seu trabalho e até os que estão fora da curva carregam seu olhar… Como é este exercício? De manter uma assinatura em algo que também o dedo de tantos outros profissionais?
    Fico muito feliz de ouvir isso! Na verdade é uma coisa que com o tempo passou a acontecer de uma forma totalmente orgânica… No início você vai lutando com o cliente para vender suas ideias – com muita lábia e muito jeitinho hahaha –  mas depois de um tempo o cliente que vem até você em busca da sua própria linguagem!
    Eu acho que o trabalho de criação de imagem está totalmente atrelado ao seu repertório estético, então basicamente tudo aquilo que você vê acaba virando fonte de inspiração para as suas criações, mesmo inconscientemente. Eu digo isso para reforçar que é difícil você dissociar uma referência pessoal de uma referência profissional, então acaba que as suas entregas vão carregar muito da sua personalidade e, isso faz com que, querendo ou não, seu trabalho tenha a sua cara…
    Sei o quão difícil é falar sobre processo criativo… Mas como funciona o seu? Já vi uma apresentação sua e você parece ser bem metódico. Como é o processo antes de organizá-la de forma linear e mostrar para um cliente?
    Hahahaha! Eu acho que essa é a parte do meu trabalho que torna ele o mais “meu” possível! Eu sou muito CDF, me sinto na obrigação de apresentar a minha ideia para o cliente da forma mais clara que eu conseguir, para que ele também consiga visualizar com facilidade aquilo que eu estou propondo. Então além da pesquisa de referências, que pode partir dos lugares mais improváveis e da criação de narrativas, que é outra parte que eu adoro (transformar as ideias em histórias visuais), eu também tento organizar aquilo tudo a modo de quase tangibilizar meu pensamento, entende?! Faço desenhos, colagens, simulações em 3D, agora até inteligência artificial eu tenho usado, para tentar apresentar de forma clara a minha ideia. Eu sinto que quanto mais bem apresentado é o projeto, mais ele é aceito! Acho que muitas vezes o que bloqueia uma aprovação é a dificuldade de visualizar uma ideia…
    Quais são suas referências e influências, seja no cinema, literatura, fotografia, moda e ou arte?
    Sempre acho essa pergunta a mais difícil de todas [risos]. Como eu falei antes, tudo é referência! Lugares, experiências, conversas, tudo mesmo…
    Mas no caso das influências eu não posso negar que eu sou um grande apaixonado por cinema, e claro, por moda! Então tem alguns nomes que estão sempre no meu radar. No cinema Luca Guadagnino é meu preferido! Tudo que ele encosta eu me apaixono! Os mais recentes Bones and All e a série We are Who we are me pegaram demais…Na moda, Martin Margiela sempre me encheu os olhos, principalmente naquela fase em que eu era estudante e via as suas criações super experimentais, ficava babando. Hoje em dia, Glenn Martens e Jonathan Anderson são outros dois que estão sempre me alimentando de inspiração!

     

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    Quais trabalhos você acredita que foram decisivos ou aqueles que guarda com carinho?
    Tem alguns trabalhos que eu guardo com muito carinho porque foram oportunidades de me apresentar criativamente por inteiro! Montar minha equipe dos sonhos, propor uma ideia que faça sentido não só pro cliente mas para o meu papel como criador de imagem no mundo, todas essas coisas que a gente sempre sonha hahaha. Meus trabalhos para a Galpão51 e para a Maria Frering, duas marcas que são minhas conterrâneas aqui do Rio, são um ótimo exemplo disso! Tenho muito carinho e orgulho do que fizemos juntos. Atualmente apareceram novos desafios, projetos maiores, com mais responsabilidade e maior alcance, que sem dúvida serviram de aprendizado e me aproximaram de outra realidade do mercado que também foram decisivos na minha carreira, além de muito engrandecedores. As imagens para GKay são um bom exemplo disso!
    Tem um projeto que está em andamento e o processo, apesar de corrido, tem sido muito rico! Esse eu não vejo a hora de divulgar, vai ser bem especial…
    Você trabalhou recentemente com a Kelela, né? Como foi essa experiência?
    Sim! Eu assinei a direção de arte do seu último clipe, que foi gravado no Rio de Janeiro. Foi um super desafio! Primeiro porque a Kelela é um ícone numa escala global e, eu pessoalmente sou um grande fã, então já estava ansioso desde as primeiras reuniões. Além disso, a ideia do clipe também era bastante ousada em termos de arte, olha só: eu precisava criar uma estrutura onde a Kelela boiaria, deitada sobre um colchão em mar aberto, com muita área de água livre nas laterais de forma que a câmera pudesse filmar um plano de topo super aberto… Enfim, foi uma loucura! 4 diárias seguidas de gravação, muito trabalho e muito suor. Mas ela e o time que ela trouxe para produzir esse projeto foram muito cordiais e gentis durante todo o processo! Na época eu lembro que me descabelei, agora eu olho pra trás e só lembro da honra de ter feito parte disso tudo…
    Um dos seus trabalhos mais recentes foi com o Jacquemus, como aconteceu isso?

    Nossa, esse eu ainda tô absorvendo… Foi um sonho realizado! Não sei dizer exatamente como as coisas aconteceram, mas até onde eu sei a equipe da marca vinha para o Brasil para produzir alguns conteúdos diferentes para novos lançamentos. Um deles foi essa linha de objetos, com alguns móveis e outros acessórios, e eles estavam em busca de alguém para colaborar fazendo a arte do trabalho. Segundo a produtora que estava atendendo a marca e conhecia meu trabalho, ela me indicou para assumir esse papel… E quando eu vi estava lá, foi tudo muito rápido!

    Nós fizemos as fotos na Casa das Canoas, projeto do Oscar Niemeyer, onde ele morou durante um período da sua vida. Para compor as cenas eu levei para o espaço móveis nacionais modernistas dos anos 50, 60 e 70, que serviram de apoio para as cenas, além de frutas e plantas tipicamente brasileiras que trariam nossa assinaturinha brasileira para o projeto. Penduramos bolsas nas esculturas do jardim, fizemos nossas próprias esculturas com malas empilhadas, criamos uma estante com frutas tropicais misturadas com os objetos da marca, foi um dia muito especial…Vou lembrar sempre desse projeto com muito carinho, com certeza ficou marcado!

    Quais os próximos passos, seus novos desejos?
    Ainda não sei o que esperar dos próximos passos, mas estou ansioso pelos desafios que me aguardam hahaha
    Uma coisa é certa, eu amo trabalhar com o que eu faço, estou muito feliz com esses projetos que aconteceram recentemente e com os outros que ainda vão sair.
    Tenho vontade de fazer cada vez mais coisas com impacto e valor para além da moda. Quem sabe no futuro estar embarcando para projetos fora do Brasil, com outros desafios, atendendo clientes com outros anseios e com outra mentalidade… Seria legal né? Veremos hahaha…

     

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