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    O figurino de “Queer” faz imersão no estilo masculino dos anos 1950

    Sob assinatura de Jonathan Anderson, o figurino do filme de Luca Guadagnino transcende o visual, tornando-se um elo essencial entre os personagens, o período e o público.

    O figurino de “Queer” faz imersão no estilo masculino dos anos 1950

    Sob assinatura de Jonathan Anderson, o figurino do filme de Luca Guadagnino transcende o visual, tornando-se um elo essencial entre os personagens, o período e o público.

    POR Laura Budin

    O novo filme de Luca Guadagnino, ”Queer”, é um convite às contradições do amor: baseado no romance de 1985 de William S. Burroughs, o longa protagonizado por Daniel Craig no papel de Lee – um homem mais velho e viciado que se apaixona obsessivamente por Allerton (Drew Starkey) na calorosa e desordenada Cidade do México dos anos 1950 – é tão visceral em sua narrativa, quanto nos detalhes.

    Entre manchas de óleo e o brilho do suor, o figurino é mais do que um elemento cenográfico, é uma extensão da atmosfera e das emoções do filme: “Não há nada pior do que assistir a um filme em que tudo parece ter acabado de sair da lavanderia,” comentou Jonathan Anderson, estilista à frente da Loewe e JW Anderson, que assina o figurino do longa ao The New York Times. Ao lado de Guadagnino, ele construiu uma paleta autêntica e imperfeita, que resgata peças vintage dos anos 1950 e abraça seus desgastes naturais.

    Lee, Allerton e o estilo como linguagem

    Lee (Daniel Craig)

    Os personagens de ‘‘Queer’’ são moldados pelo que vestem. Lee é um reflexo de seu próprios problemas: camisas amareladas, bermudas desbotadas e suéteres surrados traduzem sua incapacidade de se alinhar com o mundo ao seu redor: “Antes de se tornar o icônico Burroughs que conhecemos, Lee é um homem desleixado e infantil,” explicou Guadagnino.

    Allerton (Drew Starkey) e Lee (Daniel Craig)

    À medida que a história avança, o guarda-roupa de Lee reflete seu abalo emocional. Ele parte de um visual “cocaine white” para o preto, simbolizando seu declínio ao vício. Para o estilista, o figurino precisava ser tão sensorial quanto a narrativa. “Queria que o público quase pudesse cheirar as roupas pela tela”, ressaltou.

    Já Allerton, jovem e polido, contrapõe a desorganização de Lee com um senso de dandyismo controlado – embora seu cinto desgastado e os furos em seu suéter revelem problemas enraizados em sua personagem.

    Allerton (Drew Starkey) e Lee (Daniel Craig).

    Jason Schwartzman, por sua vez, interpreta Joe Guidry, um personagem que carrega um mix de extravagância e descuido, como se cada peça de roupa tivesse sido herdada de antigas aventuras amorosas. Suas sandálias, uma escolha proposital de Anderson, adicionam um toque de ousadia ao visual.

    Jonathan Anderson e a precisão histórica

    Luca Guadagnino e Jonathan Anderson no set de ”Queer”.

    “Os anos 1950 marcam o nascimento da moda masculina moderna” destacou ele, referindo-se à industrialização que permitiu que ternos fossem produzidos em massa e vendidos em lojas como Sears.

    Lee (Daniel Craig) e Allerton (Drew Starkey).

    Grande parte das peças do filme é autêntica, adquirida de colecionadores vintage na América do Norte, incluindo itens como camisas de banho desbotadas e roupas íntimas de época: “Encontramos um colecionador obcecado por roupas íntimas históricas em Montreal”, revelou Anderson. Anderson também incorporou inspirações artísticas, como as obras de Michaël Borremans e George Platt Lynes, para capturar a psicologia dos personagens.

    Lee (Daniel Craig) e Allerton (Drew Starkey).

    Máscaras

    Em uma das cenas mais marcantes do filme, durante uma experiência com ayahuasca, surgem máscaras que remetem ao surreal. Curiosamente, essas peças vieram de uma coleção de Anderson criada durante a pandemia. Inicialmente coloridas, elas foram envelhecidas para se adequarem à narrativa de Guadagnino. “Adorei que elas ganharam uma segunda vida. Estavam esquecidas em uma caixa,” disse o estilista.

    Além das telas

    Além de emprestar seu olhar criativo para o figurino de ‘‘Queer’’, Jonathan Anderson expandiu a estética do filme para o universo da moda com uma cápsula especial. A coleção ‘‘JW Anderson x Queer’’ traduz elementos do longa em peças como moletons, camisetas, bolsas e bonés, marcados pela frase icônica “I want to talk to you… without speaking” e estampas inspiradas nas imagens centrais da narrativa. Disponível nas lojas de Londres e Milão da JW Anderson, além do site da marca, a cápsula oferece uma extensão wearable da atmosfera do filme, permitindo que o público leve um pedaço da história consigo para além das telas.

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