O punk sujo e rebelde de Amyl and the Sniffers
Do underground australiano pro mundo, Amyl and the Sniffers conquistam o Brasil com o punk mais explosivo e visceral da atualidade.
O punk sujo e rebelde de Amyl and the Sniffers
Do underground australiano pro mundo, Amyl and the Sniffers conquistam o Brasil com o punk mais explosivo e visceral da atualidade.
O que faz uma banda ser capaz de transportar sua energia eletrizante dos subsolos dos bares de rock australianos para os palcos de festivais internacionais? Amyl and the Sniffers, com seu punk sujo e irreverente, prova que a autenticidade e o espírito rebelde são mais do que suficientes para conquistar o mundo. Formada em Melbourne, a banda vem ganhando destaque não só pelos riffs explosivos, mas também pela presença de palco marcante de Amy Taylor, que, com sua estética maximalista, já incendeia os palcos brasileiros.
Em turnê pelo Brasil, a banda já passou por Belo Horizonte e fez um show solo na quinta-feira (06.03), no Cine Joia, em São Paulo. Para quem ainda quer assisti-los, a banda continua em São Paulo para um show hoje (08.03) no festival Punk is Coming, ao lado de gigantes como The Offspring, Rise Against, The Warning e Sublime e depois segue para Curitiba (09.03).
Hoje, o FFW te conta a origem da banda, a evolução do seu som com o álbum ‘‘Cartoon Darkness’’, destaca a performance explosiva de Amy Taylor no palco e a estética única que mistura punk e maximalismo do quarteto australiano.
Quem é Amyl and the Sniffers?
Formados em Melbourne, na Austrália, Amyl and the Sniffers nasceram do espírito faça-você-mesmo: em 2016, quatro amigos dividiram uma casa, escreveram e gravaram um EP inteiro em apenas 12 horas. O que começou como uma brincadeira virou uma das bandas mais eletrizantes do punk contemporâneo. Liderados pela magnética Amy Taylor, com seu vocal rasgado e presença de palco caótica, o grupo – completado por Bryce Wilson na bateria, Declan Mehrtens na guitarra e Gus Romer no baixo – carrega a energia suja do pub rock australiano e o espírito anárquico do punk dos anos 1970. Com músicas curtas, diretas e um som comparado a um soco de amyl nitrite (o ‘‘poppers’’ que inspirou o nome da banda), eles conquistaram prêmios, festivais e uma base de fãs global.
Uma música para começar
Caótica, suja e debochada, ‘‘Jerkin’’ foi o último single lançado antes de ‘‘Cartoon Darkness’’. A faixa entrega o melhor estilo da banda australiana: punk acelerado, com riffs explosivos e a entrega visceral de Amy Taylor, que aqui se diverte esmagando haters e canalizando a raiva com ironia afiada. A sonoridade mantém o DNA do grupo – uma mistura de punk clássico e pub rock australiano, suado e direto. O videoclipe, dirigido por John Angus Stewart, vai além do choque: com duas versões, uma censurada e outra sem cortes. Para quem quer mergulhar no universo da banda ainda mais, ‘‘Big Dreams’’ e ‘‘Some Mutts (Can’t Be Muzzled)’’ do primeiro álbum também são ótimos pontos de partida.
Um álbum para conhecer
Lançado em outubro de 2024, ‘‘Cartoon Darkness’’ marca a evolução do Amyl and the Sniffers sem perder a fúria que os tornou uma das bandas mais incendiárias do rock contemporâneo. O disco abre com ‘‘Jerkin’’, um soco na cara dos críticos, e mantém um tom desafiador ao longo de suas 13 faixas, equilibrando o pub rock australiano com experimentações inesperadas – como o sax em ‘‘U Should Not Be Doing That’’ e o jaw harp (‘berimbau de boca’) em ‘‘Me and the Girls’’.
Amy Taylor segue como o coração pulsante do grupo, com vocais afiados e letras que transitam entre o deboche e a frustração, mirando haters, body-shamers e trolls da internet. Se ‘‘Comfort to Me’’ (2021) trouxe uma produção mais lapidada, ‘‘Cartoon Darkness’’ é um retorno à energia sem filtros da banda, provando que, apesar das críticas e expectativas externas, os Sniffers fazem punk no próprio ritmo – e, no fim das contas, isso é o que sempre os tornou tão autênticos.
Estilo & Estética
Amy Taylor faz da moda uma extensão da sua atitude punk – ousada, debochada e sem concessões. No palco, ela transforma micro-shorts, biquínis minúsculos e sombras vibrantes em uma afirmação de poder, desafiando a normatividade masculina do rock. O cabelo, sempre volumoso e exagerado, é uma extensão dessa atitude, uma verdadeira assinatura visual que desafia o convencional e completa seu estilo de rebeldia e feminilidade. A estética maximalista de Taylor já chamou a atenção de gigantes como Hedi Slimane e Alessandro Michele na Gucci, levando-a de mosh pits suados a campanhas de marcas de luxo, mas sem jamais perder a essência que a tornou um ícone.

Amy Taylor desfilando para a Gucci na coleção de Inverno 2019.