Por dentro da exposição do Met 2024
Com o tema “Sleeping Beauties”, a exibição é interativa e focada nos cinco sentidos.
Por dentro da exposição do Met 2024
Com o tema “Sleeping Beauties”, a exibição é interativa e focada nos cinco sentidos.
Andrew Bolton, curador da exposição, conta à Vogue mais detalhes do que será visto.
Agora oficialmente aberta, a exposição do Museu Met com o tema “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion” (Belas Adormecidas: Despertando a Moda), celebra algumas das peças mais icônicas dos arquivos do museu. Com bastante destaque para os 5 sentidos – sim, você pode tocar e até cheirar os vestidos! – e o uso de IA e impressões em 3D, a imersão promete ser completa.
O curador Andrew Bolton contou à Vogue que uma jovem visitante da exposição de Karl Lagerfeld do ano passado perguntou a um guarda por que ela não conseguia tocar em nada, o que é uma ação quase instintiva em relação às roupas. O toque é de importância primordial tanto para quem usa a roupa como para os designers, mas é um sentido negado nos museus para a proteção dos objetos. Não vai ser o caso de muitas das salas da exibição deste ano.
A primeira coisa que o visitante vê é o ovídio em bronze de Constantin Brancusi, ‘A Musa Adormecida’ de 1910, uma visão sólida de um estado alterado do ser onde os sonhos existem. O item é aberto a múltiplas interpretações, o que faz todo o sentido no contexto.
Mas o foco real está na natureza – vide o tema do Met Gala, que aconteceu na noite do dia 6 de maio. Os objetos da coleção são organizados em grupos relativos a três elementos: Terra, Ar e Água, cada um com múltiplas subdivisões. Adicionando nuances está o simbolismo da natureza, que é, como escreve Bolton, “a metáfora definitiva da moda, em seu renascimento, renovação e ciclicidade; a natureza também serve como uma metáfora para a transitoriedade e impermanência da moda e sua efemeridade e evanescência.”
A tecnologia e todas as suas nuances também desenvolvem um papel central nessa exposição. O som que toca na sala onde é mostrado um vestido sonoro com flores de estanho da coleção outono 2024 de Marni foi gravado em uma câmara anecóica (sem eco) na Universidade de Binghamton da SUNY, enquanto há também um vestido Miss Dior em miniatura de 2014 que foi refeito em um modelo de plástico impresso em 3D, especialmente para ser tocado.
Segundo Laird Borrelli-Persson, da Vogue, as paredes dessa sala são revestidas com painéis de uretano moldados a partir de um vestido de Christian Dior, e também podem ser sentidos com as mãos, assim como um papel de parede dimensional tom sobre tom na sala Garden Life, inspirado no bordado de um colete exposto do século XVII.
O olfato é um dos sentidos mais explorados, com Sissel Tolaas, colaboradora frequente de Demna na Balenciaga, como responsável por captar paisagens olfativas de diversos vestidos e de mulheres específicas.
Nesta exposição, o termo “belas adormecidas” não se refere à princesa adormecida da Disney que é acordada com um beijo por um príncipe, mas a objetos demasiado frágeis até para serem vestidos num manequim e que são expostos numa posição de repouso, conforme observa Borrelli-Persson para a Vogue. “Vida é a palavra-chave em relação à moda num museu”, escreve Bolton na introdução do seu catálogo, “pois o que antes era uma parte vital e integrante da experiência vivida de uma pessoa torna-se uma obra de arte sem vida, desencarnada e descontextualizada. Na verdade, mais do que qualquer outra forma de expressão artística, a moda encontra a mais radical e irrevogável transformação de estatuto ao entrar na coleção de um museu.”
“O sensorial e o emocional fazem parte da roupa em nossa experiência e noções de sentimentos e memória”, refletiu Bolton. “Já despertamos as vestimentas no passado, principalmente através da interpretação – nunca realmente através dos sentidos. Esta é a primeira vez que os trazemos literalmente de volta à vida.”