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    Por que você deve dar atenção ao novo álbum de Bad Bunny

    O álbum ‘‘Debí Tirar Más Fotos’’ apresenta sonoridades locais com toques modernos e tom mais político.

    Por que você deve dar atenção ao novo álbum de Bad Bunny

    O álbum ‘‘Debí Tirar Más Fotos’’ apresenta sonoridades locais com toques modernos e tom mais político.

    POR Laura Budin

    O porto-riquenho Bad Bunny está celebrando suas raízes como nunca antes, exatamente num momento em que artistas e público estão redirecionando seus olhares para a América Latina para valorizar a riqueza cultural da região. “Debí Tirar Más Fotos”, lançado em 05 de janeiro, mistura ritmos tradicionais da ilha de Porto Rico, como bomba, plena, salsa e merengue, com o reggaeton e o perreo que o tornaram famoso. O álbum, já considerado um dos mais políticos de sua carreira, aborda temas como resistência cultural e a luta contra a gentrificação, oferecendo uma narrativa sonora única e profundamente pessoal sobre sua terra natal.

    Em sua jornada musical, Bad Bunny não só exalta Porto Rico, mas também faz uma crítica contundente à exploração da ilha, ao mesmo tempo em que faz história: a faixa-título, ‘‘DtMF’’, que viralizou no TikTok e se tornou a mais ouvida do mundo no Spotify no último domingo (12.01) e segue por oito dias consecutivos como o artista mais ouvido na plataforma de streaming. O artista foi trending topic inclusive no Brasil, um dos poucos países latinos onde Benito não havia alcançado sucesso ainda.

    Em post no Instagram, Bad Bunny agradeceu a repercussão do álbum: ‘‘Sem dúvidas, esse é o melhor projeto da minha carreira, o mais especial, o mais lindo e com o sentimento mais puro. Dedico a Porto Rico, dedico a minha família e meus amigos, dedico a América Latina. Obrigado a todas as pessoas que fizeram parte desse projeto, sem vocês nada seria possível, eu amo vocês! Quando penso que já conquistei tudo e nada mais pode me surpreender, chega a melhor experiência da minha carreira, esse momento! Esta semana foi cheia de lágrimas de felicidade e gratidão. Meu coração está com vocês! Obrigado!’’

    Hoje (13.01), o FFW explora todos os detalhes que fazem desse projeto um marco na carreira do artista e na música latina contemporânea.

    Uma homenagem à Porto Rico e suas raízes

    Bad Bunny não economizou na hora de exaltar sua terra natal. Cada faixa de ‘‘Debí Tirar Más Fotos’’ traz referências à cultura, à história e à resistência de Porto Rico, ilha do Caribe cujo território pertence aos Estados Unidos. O disco é um retrato sonoro da ilha, com letras que abordam desde o cotidiano dos porto-riquenhos até questões mais profundas, como a luta contra a gentrificação e a preservação das tradições locais. Bad Bunny declarou que queria mostrar ao mundo quem ele é através das lentes de Porto Rico, transformando o álbum em uma carta de amor à sua terra natal.

    Por que é um tema histórico e político?

    Para contar essa história, Bad Bunny convocou o historiador porto-riquenho Jorell Meléndez-Badillo, que escreveu um verdadeiro guia sobre a ilha. Foram 74 páginas manuscritas durante uma viagem à Europa, explorando momentos chave da história porto-riquenha, como a criação da primeira bandeira da ilha em Nova York. O trabalho em conjunto deu ao álbum uma dimensão política, destacando temas como resistência à exploração econômica e cultural. Além disso, cada faixa vem acompanhada por “visualizers” que mergulham o ouvinte ainda mais nesse universo cheio de nuances.

    O curta-metragem do álbum
    Bad Bunny não só entregou um álbum potente, como também um curta-metragem anterior ao lançamento que complementa perfeitamente sua visão artística. Com o mesmo nome do disco, “Debí Tirar Más Fotos”, o filme, co-escrito e dirigido por Bad Bunny junto a Arí Maniel Cruz Suárez, traz o lendário cineasta porto-riquenho Jacobo Morales no papel de um homem que reflete sobre sua vida e compartilha suas lembranças por meio de fotografias.

    A história é contada de forma poética, com o homem mostrando suas fotos para uma rã, dublada por Kenneth Canales. O curta, que une história, memória e identidade, é uma verdadeira declaração sobre a importância de preservar as raízes culturais, algo que também ressoa no álbum, onde as memórias e os ritmos de Porto Rico são celebrados e defendidos com orgulho.

    Bomba, plena, salsa e merengue

    No disco, o artista mostra que sua sonoridade vai mutio além do reggaeton, ritmo que o colocou em destaque. Ao mergulhar em ritmos autênticos como bomba, plena, salsa e merengue, Benito reconcilia o passado musical da ilha com um toque moderno. Cada faixa traz uma energia que reflete a alma de Porto Rico, enquanto mantém a vibração fresca, sem cair no lugar-comum. Todas as faixas de salsa no novo álbum do Bad Bunny, “Debí Tirar Mas Fotos”, tiveram composição de jovens de 18 a 21 anos da Escuela Libre de Musica de Puerto Rico, como uma forma de homenagear a nova geração de artistas que carrega os sons da ilha para o futuro, com letras que exploram tanto a vulnerabilidade quanto a resistência.

    “Turista” e “Lo Que Le Pasó a Hawaii” são faixas-chave que revelam não apenas a saudade de casa, mas também uma crítica à gentrificação e à perda da identidade cultural frente a forças externas, com Bad Bunny denunciando os impactos do turismo e da colonização nas terras porto-riquenhas.
    Outra inovação que marca este álbum é o lançamento de um mapa interativo que conecta cada faixa a um local histórico ou cultural de Porto Rico. Com isso, Bad Bunny transforma o disco em uma verdadeira viagem sonora e geográfica pela ilha, permitindo que os fãs mergulhem ainda mais na cultura e na história que inspiraram suas músicas.

    A capa: uma ode ao cotidiano

    A capa do álbum, que traz duas cadeiras de plástico em um quintal repleto de bananeiras, é uma verdadeira celebração do ordinário. Essas cadeiras ordinárias, onipresentes nas casas e varandas porto-riquenhas, representam os encontros, as conversas e as histórias compartilhadas. Ao contrário das imagens que nos remetem aos resorts e praias paradisíacas e exclusivas de San Juan, esta capa traz à tona a essência da vida cotidiana dos porto-riquenhos, refletindo a conexão com as raízes e a luta contra a gentrificação que ameaça o território da ilha.

    A escolha dessa imagem não é acidental: Bad Bunny quer que o público lembre-se do Porto Rico genuíno, com suas tradições e espaços autênticos, não apenas o que está sendo transformado por interesses externos.

    Rumo ao sucesso global
    No último domingo (12.01), Bad Bunny se tornou o dono da música mais ouvida do mundo no Spotify. A faixa-título do álbum, ‘‘DtMF’’, alcançou 11,5 milhões de reproduções nas 24 horas, se tornando a mais tocada globalmente na plataforma. O desempenho foi impulsionado por uma tendência viral no TikTok, onde os usuários compartilham fotos de momentos especiais ao som do refrão da canção: “Debí tirar más fotos de cuando te tuve/Debí darte más beso’ y abrazo’ las vece’ que pude” (“Deveria ter tirado mais fotos quando te tive, deveria ter te dado beijos e abraços nas vezes que pude”).

    https://www.tiktok.com/@babyv711/video/7457595880057654534?is_from_webapp=1&sender_device=pc&web_id=7288743281298261509

    Além de ‘‘DtMF’’, o porto-riquenho colocou outras cinco músicas de Debí Tirar Más Fotos no Top 10 do Spotify: “Baile Inolvidable”, “Nuevayol”, “Voy a Llevarte Pa PR”, “Veldá” e “Weltita”. Todas as 17 canções do álbum estão entre as 50 mais ouvidas do mundo na plataforma.

    Turnê dedica aos porto-riquenhos

    Bad Bunny segue celebrando suas raízes com a turnê-residência “No Me Quiero Ir De Aquí”, que acontece no Coliseo de Puerto Rico entre 11 de julho e 24 de agosto. Inspirado pela faixa “El Apagón” e pelo patriotismo de ‘‘Debí Tirar Más Fotos’’, o projeto inclui 21 shows, sendo os primeiros nove exclusivos para moradores da ilha, com ingressos vendidos presencialmente a partir de 15 de janeiro. Com essa iniciativa, Bad Bunny reforça sua conexão com Porto Rico e consolida seu impacto cultural e global. Além dessa tour, em video postado nas redes, ele promete visitar pela primeira vez alguns países, como Brasil. Promessa é dívida, Benito.

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