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    Como a Silfar se tornou a marca favorita das maiores estrelas do pop nacional

    De Duda Beat à Ivete Sangalo, conheça mais sobre a marca brasileira que leva brilho e glamour para os palcos.

    Como a Silfar se tornou a marca favorita das maiores estrelas do pop nacional

    De Duda Beat à Ivete Sangalo, conheça mais sobre a marca brasileira que leva brilho e glamour para os palcos.

    POR Julia Lange

    A Silfar pode até ser uma marca que você não encontra nas vitrines dos grandes shoppings centers, mas com certeza você já se deparou com uma criação da dupla Felipe Silva e Diego Faria na TV e em apresentações de grandes estrelas da música brasileira. Ludmilla, Duda Beat, Marina Sena e Ivete Sangalo são alguns dos nomes que constantemente brilham nos palcos com modelos da marca.

    Peças estruturadas e mais rígidas, enaltecendo o corpo feminino, dias e dias de trabalho manual e muito, mas muito brilho. A dupla é composta por um apaixonado pelas festividades de seu estado e pelo trabalho artesanal, enquanto o outro, é um modelista aficionado pelo universo da moda. A soma dessas características resultam no DNA da Silfar. O nome inclusive vem exatamente da fusão entre os sobrenomes (Sil + Far), e representa exatamente isso: mais que um produto final, uma entrega total de ambos.

    Confira a seguir a primeira entrevista da dupla em que eles nos contam da história que os trouxe até aqui, o amor pelo trabalho, a relação com os artistas e como pretendem levar as criações da marca para mais pessoas.

    Felipe (em pé) e Diego.

    Como a Silfar nasceu?

    Diego: A Silfar nasceu na noite paulistana, logo no início da minha vinda para São Paulo. Eu comecei a frequentar boates com muita apresentação de palco, com uma forte presença de drag queens e num mundo que tinha muito glamour, drama, brilho e foi ai que eu comecei a fazer amizades. Ali foi a primeira sementinha, onde as pessoas começaram a conhecer minha história e meus interesses dentro desse mundo da moda.

    Felipe: Iniciamos fazendo peças para drags que faziam apresentações em palco. Queríamos uma marca com um ar soturno, glamuroso, com muito drama. A mescla disso com a arte manual deu origem à Silfar.

    De onde surgiu a ideia de fazer peças para os palcos?

    Nós vimos uma oportunidade de expor as nossas peças exatamente nesse ambiente de palco, nas artistas (drags), porque elas dançavam muito, se mexiam e acabaram nos ensinando sobre vestibilidade. Os palcos foram nossa escola e nos ensinaram na prática.

    Felipe: Além disso, também fizemos muita roupa para o teatro e para as produtoras. Essa imersão no teatro nos deu outra bagagem, que também nos ensinou muito. Hoje conseguimos entender a proposta da roupa em todos os sentidos que ela vai ser usada.

    Toda a produção de vocês é feita sob-encomenda e sob medida?

    Basicamente o carro chefe da marca são as peças sob encomenda. Mas nós também fazemos tiragens para mostruário onde propomos para algumas clientes que elas possam conferir as técnicas inclusive, e se elas querem a peça, nós adaptamos. Mas 95% das peças são, sim, sob medida.

    Quem foi a primeira artista que vocês vestiram? Como se deu essa ponte?

    Foi a Ludmilla e isso aconteceu da seguinte forma: estávamos fazendo figurino para produtoras e criamos um ‘zentai’ e em 2017 essa estética estava muito na moda e esse personagem que é bem fetichista, vindo da Alemanha, também. Nós fizemos algumas produções, bem estilo Lady Gaga, numa pegada futurista.

    Coincidentemente, a Ludmilla ia fazer um clipe que tinha tudo a ver com essa pegada e o Rodrigo Polacki nos convidou para vesti-la. Mas a grande virada de chave aconteceu depois de uns 2 ou 3 anos, quando o Leandro Porto (stylist da Duda Beat), nos convidou para um verdadeiro desafio que foi produzir as roupas do álbum inteiro da Duda, numa estética soturna, sombria, com roupas bem estruturadas. O Leandro abraçou nossa ideia e nós abraçamos a artista e foi um feat que combinou 100% com a Silfar.

    Isso foi a primeira grande porta e que abriu um leque de possibilidades. A Duda realmente explorou a Silfar. O Prêmio Multishow (2021) em que ela se apresentou, nós assinamos todas as peças, todas feitas à mão. Quando ela usou o corset com selaria nós falamos “nossa, vestimos de verdade. Ela está vestida de Silfar”.

    Podem citar nomes de outros artistas que também já usaram as peças?

    Depois dessa primeira abertura de portas, vieram novos clientes: Iza, Pabllo, Ivete Sangalo, Marina Sena, Gloria Groove.

    Atualmente, como é o processo criativo de vocês? O artista participa de alguma forma?

    Depende muito de quem estamos atendendo, mas é tudo sempre com muita flexibilidade. Nós costumamos dizer que o papel aceita tudo (risos), mas quando você passa para o desenvolvimento, modelagem, você realmente consegue ver o que dá certo e o que não funciona. De uma forma geral, sempre tem um pouco do artista, da equipe de styling e um pouco da gente. Mas de uma maneira geral, os artistas sempre participam sim da elaboração das peças.

    Muitos desenvolvimentos já vêm pensados, mas muitos somos nós que fazemos. A Iza por exemplo consome muito nossas peças que já estão prontas. Ela vê, gosta e quer pra ela.

    Quantas peças sob encomenda vocês chegam a produzir por mês? Existe algum período que altere significativamente a demanda?

    A média de produção é de 20 peças por mês, mas isso realmente varia. Geralmente fica entre 20 e 30.

    A demanda é bastante alta durante o ano todo, mas dois períodos tendem a ser mais intensos, o fim de ano com as festividades e o período que antecede a esse com os festivais de música e grandes premiações. Quando tem algumas baixas, nós desenvolvemos as peças de acervo, exatamente para amadurecer algumas ideias, estudar possibilidades, explorar universos novos e aprimorar a nossa estética.

    E quanto custa em média uma peça da marca?

    Diego: Se você chega no ateliê para pedir uma peça nossa, conseguimos te entregar desde um Fusquinha até uma Ferrari! Vai muito do sonho de cada cliente. Varia de acordo com o tempo, nível de detalhes… as nossas peças mais simples, menos “carregadas”, custam em torno de 2 a 3 mil reais.

    Felipe: Mas por exemplo, muitos dos figurinos que fizemos para o (carnaval) ‘Ivete 30’ passam dos seis dígitos. Todos envolvem muito material, muita mão de obra, uma carga horária extremamente extensa. A saia de plumas é gigantesca, as plumas foram aplicadas fio a fio, 12 pessoas trabalhando 45 dias seguidos só nisso.

    Existe alguma peça, técnica ou estética que seja a favorita de vocês, que vocês acreditam que representa o DNA da Silfar?

    Diego: Com certeza são as peças com shapes estruturados, com marcação de silhueta e uma estrutura que diz para a mulher “eu sou diva”. Estrutura é o que mais amamos. As peças mais rígidas têm muito da identidade da marca, somadas à brutalidade dos metais.

    Felipe: Nós queremos dar opulência ao corpo feminino. Nos baseamos muito em Mugler, McQueen e Dior e tentamos mesclar ao máximo o que é nosso, brasileiro, com essa estética europeia.

    Vocês pensam em expandir a produção para o prêt-a-porter ou o foco é realmente o figurino para artistas e celebridades?

    Nós pretendemos expandir sim, mas estamos estudando primeiro o interesse das pessoas nas nossas peças mais comuns. Estamos pensando em como trazer o ‘elefante cristalizado cor de rosa’ para a vida real. Estamos preparando uma cartela de produtos mais sutis, mas mantendo a individualidade que é tão da marca, para que a cliente que tem um padrão diferente também possa vestir nossas peças.

    Vão ter peças mais exclusivas, outras não, mas ainda estamos num momento de experimentar o que as clientes querem. A intenção é ser democrático e atender a todos, mantendo os artistas também. Nós não queremos perder a qualidade e nossa essência, principalmente. Queremos algo genuíno, que fale com a cliente, que faça com que elas celebrem a feminilidade, o desejo, a paixão, de forma noturna. Queremos explorar as múltiplas facetas das clientes, das nossas próprias peças.

    Finalmente, na opinião de vocês, quais os desafios para uma marca independente como a Silfar se consolidar no Brasil?

    Felipe: Nós sempre comentamos sobre como o trabalho artesanal precisa ser compreendido, sobre como muitas vezes precisamos ensinar aos clientes tudo que foi empreendido para que aquela peça existisse. Nossas peças envolvem bordados e aplicações, técnicas diversas, uma equipe de muitas mãos e que trabalha por muitas horas… mas mais do que isso, é sobre a essência e a arte ali, sobre a exclusividade daquela peça e todo o amor que foi empregado, o amor de nós dois como fundadores e executores, de cada artesão.

    Diego: O artesanal infelizmente ainda é muito desvalorizado no Brasil e isso se dá, entre outros motivos, pela grande desigualdade que existe no país. As marcas independentes enfrentam muitos desafios, e essa desvalorização é um dos principais. No nosso caso, sempre soubemos que o processo ia envolver muitas renúncias e escolhas que fizemos, de realmente viver aquilo. Silfar é a união dos nossos sobrenomes (Silva e Faria) e a gente acha que isso já diz muito. A marca é nossa fusão, é como se fosse um filho mesmo! Nós vivemos disso e é uma escolha que fazemos todos os dias. A Silfar existe para trazer expressão, drama e sempre muito brilho e glamour.

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