Stella McCartney compra a participação da LVMH em sua marca
Em busca de renovação, a moda se agita. Afinal, é preciso renovar.
Stella McCartney compra a participação da LVMH em sua marca
Em busca de renovação, a moda se agita. Afinal, é preciso renovar.
O anúncio, muito breve, chegou essa semana: Stella McCartney está recomprando a participação que a LVMH detinha em sua marca homônima, que agora é totalmente independente novamente. A notícia é estranha. Stella deixou o grupo Kering em 2018 e na sequência vendeu 49% de seu negócio ao grupo LVMH, em 2019. A designer britânica, conhecida pelo seu compromisso com o ambiente, também passou a integrar o conselho de sustentabilidade do grupo de propriedade de Bernard Arnault, posição que será mantida, a princípio, como uma espécie de embaixadora da sustentabilidade, num papel um tanto vago.
Mas o que motivou McCartney a retomar o controle de sua marca, especialmente em um momento de crise para o mercado de luxo global? Essa é a pergunta sem resposta. Rumores apontam para um distanciamento crescente entre a postura intransigente de Stella em relação à sustentabilidade – incluindo o não uso de couro e peles animais – e as mudanças no mercado de luxo, que atravessa uma crise profunda.
A renomada crítica de moda Vanessa Friedman, do New York Times, sugeriu, inclusive, que a decisão de Stella poderia estar ligada à recente aproximação de Bernard Arnault com Donald Trump, o novo presidente dos Estados Unidos, conhecido por seu posicionamento negacionista em relação às questões climáticas. Enquanto pouco se sabe, outros apontam uma vontade – e necessidade – de Stella de tornar sua marca mais acessível enquanto o foco do grupo LVMH atualmente é colocar todas as energias nas marcas de luxo de maior lucratividade.
Após um cenário desafiador, no qual a LVMH perdeu 21 bilhões de dólares devido à quedas nas vendas e lucros nos primeiros trimestres de 2024, o final do ano trouxe um respiro. Nos três últimos meses de 2024, a empresa conseguiu reverter o declínio com o crescimento de 1% nas vendas. Embora represente um alívio para Bernard Arnault, o resultado ainda é preocupante.
Mas qual a solução para a crise atual?
Uma das estratégias do grupo para contornar a situação é fazer uma renovação criativa em algumas das principais marcas do portfólio, a começar pela Dior que acaba de anunciar a partida de Kim Jones, diretor criativo da linha masculina da marca. A notícia foi confirmada na sexta-feira (31.01) pela maison. O inglês permaneceu à frente da criação por 7 anos e apresentou sua última – e elogiada – coleção durante a Paris Fashion Week Inverno 25/26 na semana passada. A expectativa é de que a saída de Maria Grazia Chiuri do feminino também seja anunciada em breve – possivelmente após o desfile de Inverno 25/26 em março – assim como o anúncio da contratação de Jonathan Anderson (ex-Loewe), que segundo jornalistas europeus, assumirá todas as coleções da marca.
Tudo indica que 2025 será um ano de intensas mudanças no mercado, principalmente nas grandes marcas, líderes em seus segmentos mas que vem apresentando uma certa estagnação criativa que reflete diretamente nas vendas e no baixo interesse do consumidor insatisfeito com os preços altos, a qualidade questionável e a pouca inovação.